segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Igreja em que acredito (2ª parte)

Repudio a igreja dos falsos profetas, aqueles que ousam pôr na boca palavras que ainda não lhes passaram pelo Coração, os que vivem à custa de um Deus que não amam nem servem.
A igreja dos falsos profetas é o submundo apodrecido dos que se servem daquele Deus a Quem dizem servir, os que usam o Seu Nome para procurar os seus próprios interesses, consolações e riquezas, os que não estão implicados nas palavras que debitam, quase sempre iguais, nem são para ninguém Palavra Viva das palavras que dizem!

Acredito numa Igreja de Pobres e Pequenos, aqueles que são capazes de perceber que a Vida é a sua maior riqueza, os que não têm os dias sempre cheios demais para dar importância quotidiana à Palavra de Deus, os que não estão sempre a pensar no que podem ganhar ou perder em cada opção que haja a tomar.
A Igreja dos Pobres e Pequenos é aquela em que as comunidades não querem possuir nem dominar, onde cada um está disponível para partilhar com os outros o que tem, sabe e é. Os Pobres são aqueles que não se recusam a aderir aos projectos de Cristo por medo do que possam perder ou ter que deixar em seu Nome. Os Pequenos são os que não precisam de ser grandes para se sentirem felizes, porque já têm maturidade suficiente para perceber que a única grandeza verdadeira é a do Coração, porque só essa é eterna. A “grandeza” que empequenece os outros à sua volta é uma mentira, nada mais que uma pequenez aumentada até ao ponto de oprimir outros. A verdadeira grandeza é aquela que engrandece os que estão ao lado.
Na Igreja dos Pobres e Pequenos todos são profundamente Ricos e Grandes, porque recupera-se o gosto pelas coisas simples e o maravilhamento pelas belezas não maquilhadas da Vida e da Criação. A Palavra de Deus e o Espírito Santo não deixam que se embruteça o Coração com a brutidade da presunção e da vaidade.

Acredito numa Igreja de Caminhantes, os caminhantes da Liberdade, como aquele povo que se viu livre do Egipto pelo Amor de predilecção de Deus.
A Igreja dos Caminhantes é aquela em que as comunidades são espaços pessoais de libertação, em que acontece a destruição interior de todos os “faraós” opressores e a marcha da Liberdade pelo “deserto” das dúvidas e da procura até à “Terra Prometida” que é saborear um Novo Sentido para viver, pleno, largo, sereno, perene, fonte de paz e fonte de fortaleza.

Rui Santiago, Derrotar Montanhas

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