quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SOMOS IMAGEM DE DEUS

«Quando o homem libera e põe a descoberto a Luz divina que Deus por sua natureza criou nele, então se revela a Imagem de Deus nele. Ao nascer se conhece a revelação de Deus. Dizer que o Filho nasceu do Pai significa que o Pai, em forma paterna, revela seu Mistério a ele.

Por isso: quanto mais e com maior claridade o homem põe a descoberto a imagem de Deus, com tanto mais claridade Deus nasce nele. O nascer de Deus se entende assim: o Pai põe a descoberto a Imagem e brilha no homem.»

Mestre Eckhart

domingo, 26 de setembro de 2010

A TENTAÇÃO DE IMPRESSIONARMOS

«Como podemos ultrapassar esta tentação que invade toda a nossa vida?
É importante reconhecer que a nossa fome de coisas espectaculares - tal como o nosso desejo de nos evidenciarmos - tem muito a ver com a nossa procura de identidade. Ser uma pessoa e ser-se visto, aprecidado, amado e aceite tem-se tornado quase a mesma coisa para muita gente. Quem sou eu, se ninguém me presta atenção, me agradece ou reconhece o meu trabalho?
Quanto mais inseguros, hesitantes e solitários formos, maior será a nossa necessidade de popularidade e apreço.

Infelizmente, essa fome nunca será saciada. Quanto mais apreciados somos, mais desejamos sê-lo.
A fome de aceitação humana é como um barril sem fundo, que ninguém pode encher: nunca poderá ser satisfeita.


Jesus respondeu ao tentador: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.»
De facto, a procura de prestígio pessoal é a expressão da dúvida que temos relativamente à forma plena e incondicional com que Deus nos aceita.

Trata-se, de facto, de pôr Deus à prova. É o mesmo que dizer: «Não estou bem certo de que Tu gostas mesmo de mim, de que Tu me amas de facto, de que Tu achas mesmo que eu valho alguma coisa. Vou dar-te a oportunidade de mo demonstrares acalmando os meus medos internos com o apreço humano, e aliviando a minha baixa auto-estima com aplausos humanos.»

O verdadeiro desafio que nos é proposto é regressar ao centro, ao coração, e encontrar aí a voz suave que nos fala e nos confirma de uma forma que nenhuma voz humana alguma vez poderia fazê-lo.

A base da nossa vida cristã é experiência da aceitação ilimitada e irrestritiva de nós mesmos como filhos bem-amados, uma aceitação tão plena, tão total e tão abrangente, que nos liberta da necessidade compulsiva de sermos vistos, apreciados e admirados, e nos liberta para Cristo, que nos conduz pelo caminho do serviço.

Esta experiência da aceitação de Deus liberta-nos do nosso eu carente, criando assim, um novo espaço onde podemos prestar uma atenção desinteressada aos outros.

Só uma vida de contínua comunhão íntima com Deus pode revelar-nos a nossa verdadeira identidade; só uma vida assim pode libertar-nos para agirmos segundo a verdade, e não segundo a nossa necessidade de coisas espectaculares.

Isto está longe de ser fácil. Requer-se uma disciplina séria e perseverante de solidão, silêncio e oração. Uma disciplina assim não nos recompensará com o brilho exterior do êxito, mas com a luz interior que ilumina todo o nosso ser, e que nos permite ser testemunhas livres e desinibidas da presença de Deus nas nossas vidas.»

Henri Nouwen, em "O esvaziamento de Cristo"

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Jesus, luz do coração,
gostaríamos de nunca te abandonar na berma do nosso caminho.
Pois sempre que te deixamos transfigurar as nossas fragilidades,
eis que despontam em nós aptidões que não conhecíamos.


Irmão Roger, de Taizé, em "Viver em tudo a Paz do Coração"

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Deus de misericórdia,
Tu conheces aquilo por que esperamos:
ser reflexo da tua presença
e tornar bela a vida daqueles que nos confias.
Irmão Roger, de Taizé, em "Em tudo a Paz do Coração"

domingo, 19 de setembro de 2010

DEIXA QUE JESUS TE TRANSFORME

«Andas à procura de Jesus. Tentas encontrá-lo não apenas na tua mente mas também no teu corpo. Buscas o seu afecto e sabes que esse afecto envolve tanto o seu corpo como o teu. Ele encarnou para ti, para que o pudesses encontrar na carne e receber o seu amor na carne. Mas permanece em ti algo que impede este encontro. Continua a haver uma grande quantidade de vergonha e de culpa enraizada no teu corpo bloqueando a presença de Jesus. Não te sentes completamente à vontade no teu corpo; olhas para ele como se não fosse um lugar suficientemente bom, bonito ou puro para encontrar Jesus.

Quando olhas para a tua vida com mais atenção verás como ela tem estado recheada de medos, principalmente de medo daqueles que detêm autoridade: os teus pais, professores, bispos, guias espirituais e até mesmo amigos. Nunca te sentiste igual a eles e humilhaste-te sempre diante deles. Durante a maior parte da tua vida sentiste que precisavas da autorização deles para seres tu próprio.

Pensa em Jesus. Ele que foi inteiramente livre perante as autoridades do seu tempo. Ele que disse às pessoas para não se submeterem ao comportamento dos Escribas e Fariseus. Jesus viveu entre nós como igual, como um irmão.

Ele quebrou as relações piramidais entre Deus e as pessoas humanas, bem como entre as próprias pessoas, e apresentou um novo modelo: o círculo, onde Deus vive em perfeita solidariedade com as pessoas e as pessoas umas com as outras. Não serás capaz de encontrar Jesus no teu corpo enquanto o teu corpo se mantiver cheio de dúvidas e receios. Jesus veio para te libertar desses nós e para criar dentro de ti um espaço onde te possas encontrar com Ele. Ele deseja que tu vivas a liberdade dos filhos de Deus.

Não desesperes, pensando que não és capaz de te modificar após estes anos todos. Penetra simplesmente na presença de Jesus como és e pede-lhe que te dê um coração intrépido, onde Ele possa estar contigo.

Jesus veio para te dar um coração novo, um espírito novo, uma mente nova e um corpo novo. Deixa-o transformar-te através do seu amor, permitindo-te, por conseguinte, receber o seu afecto com todo o teu ser.»

Henri Nouwen, em A Voz Íntima do Amor

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quero o que Tu queres

«Ó Cristo, hoje Tu me chamas!
Nas portas que abres e que fechas,
nas surpresas que nem sempre entendo,
és Tu que me maravilhas no desejo permanente de me fazer feliz.
Mesmo sem me perguntar se posso,
mesmo sem saber se me apetece,
sem me perguntar se quero,
quero o que Tu queres,
agora e sempre,
Ámen».

(Oração atribuída a Madeleine Delbrêl, em "Se tu soubesses o dom de Deus", de Luís Rocha e Melo S. J.)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"DEUS EXISTE. EU ENCONTREI-O!"


André Frossard: do ateísmo... ao fervor da fé!


Quem era André Frossard? (cliquem sobre o nome) Ele próprio conta a sua história num livro intitulado "Deus Existe. Eu Encontrei-o." Este livro deu a volta ao mundo inteiro e suscitou entusiasmo e desprezo. Como sempre! Há quem veja e há quem não queira ver; há quem ouça e há quem não queira ouvir. Não há por que nos admiremos.

André Frossard era o filho do primeiro secretário do Partido Comunista Francês: a sua família era ateia e afastada de toda a problemática religiosa. Observa com fina ironia: «Na nossa casa, nem por distracção se aflorava o assunto "religião". Éramos ateus perfeitos, daqueles que nunca se interrogam sobre o seu ateísmo.»

No entanto, aos vinte anos de idade, André Frossard tem um extraordinário e inefável encontro com Deus. Ele começa assim o relato memorável do encontro com Deus:

«Agora, acontece que, por um acaso extraordinário, conheci a verdade sobre a mais debatida das causas e sobre o mais antigo dos problemas: Deus existe. E eu encontrei-o!
Encontrei-o por combinação - antes deveria dizer: por acaso, se o acaso tivesse algo a ver com esta espécie de aventura. - Encontrei-o com o assombro e aturdimento de quem, ao virar a esquina habitual da costumada rua de Paris, visse diante dos olhos, em vez da praça e do cruzamento de todos os dias, um mar inesperado que se estende até ao infinito, lambendo com as suas ondas as paredes das casas. Um momento de espanto que ainda dura. Nunca me habituei à existência de Deus.»

Ele prossegue assim o relato da sua experiência:

«Ás cinco e dez de uma tarde (era o dia 8 de Julho de 1937), entrei numa capela do bairro latino de Paris para procurar um amigo e saí às cinco e um quarto, com um amigo que não era deste mundo. Entrei céptico e ateu (…) e mais que céptico e ateu, entrei indiferente e tão preocupado com outras coisas do que com um Deus que eu nem sequer pensava em negar (…)

Em pé junto da porta, busquei com o olhar o meu amigo e não consegui reconhecê-lo (…)
O meu olhar passa da sombra à luz, retorna aos fiéis, sem ir atrás de nenhum pensamento, vai dos fiéis às religiosas imóveis, das religiosas ao altar e, depois, não sei porquê, detém-se na segunda vela que arde à esquerda da cruz. Não na primeira nem na terceira: na segunda. E, então, de repente, desencadeia-se uma série de prodígios que com inexorável violência desmontará num instante o ser absurdo que eu sou, para dar vida ao rapaz estupefacto que nunca fui.
Primeiro surgem-me estas palavras "vida espiritual."
Não ditas nem formadas por mim próprio. Ouvidas como se fossem pronunciadas ao meu lado em surdina por uma pessoa que está a ver o que eu ainda não vejo. (...)

Logo que a última sílaba deste prelúdio sussurrado atinge o fio da consciência, começa uma avalancha ao contrário. Não digo que o céu se abre; não se abre, atira-se, eleva-se de repente, silenciosa fulguração(...) Um cristal indestrutível, de uma transparência infinita, de uma luminosidade quase insustentável (um pouco mais ter-me-ia aniquilado) e azulada, um mundo, outro mundo de um esplendor e de uma densidade que atiram de chofre o nosso para as sombras frágeis dos sonhos irrealizados. (...)
Há uma ordem, no universo, e no cume, para lá deste véu de neblina resplandecente há a evidência de Deus (...) Um Deus cuja doçura sinto, uma doçura activa, desconcertante, que vai além de toda violência, capaz de quebrar a pedra mais dura e, mais duro ainda que a pedra, o coração humano.
A sua irrupção transbordante e total, é acompanhada por uma alegria que é a exultação de quem foi salvo, a alegria do náufrago que foi recolhido a tempo.(...)
Estas sensações, que tenho dificuldade de traduzir na linguagem inadequada das ideias e das imagens, são simultâneas (…)
Tudo é dominado pela presença (…) daquele cujo nome nunca poderei escrever sem o receio de ferir a sua ternura, aquele diante do qual tive a sorte de ser um filho perdoado, que se esforça para aprender que tudo é dom.

Então, uma oração comovida sela o relato da conversão de Frossard:
«Amor [Deus], para falar de ti será demasiado curta toda a eternidade»

Depois de escrever este relato André Frossard apercebe-se da enormidade das suas palavras e apressa-se a precisar:

«Não nego o que uma conversão como esta, pela sua característica de instantaneidade imprevista, pode ter de chocante e até inadmissíevl, para os espíritos contemporâneos que preferem as vias do racionalismo aos raios místicos e que apreciam cada vez menos as intervenções do divino na vida quotidiana.»

Fonte: "Onde está o teu Deus? - Histórias de conversões no século XX" (Angelo Comastri)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PENSAR...

O homem será o que for o coração, e a ginástica própria do coração é o amor." (Ortega Gaisan)

"Só Deus pode fazer uma árvore." (Kilmer)

"A minha sede de verdade era em si mesma uma oração." (Edith Stein)


"Não devo desejar ser aquilo que não sou, mas ser muito bem o que sou." (João XXIII)

"Deus é pura Poesia." (Miguel Torga)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SOFRIMENTO


"Deus não veio suprimir o sofrimento,
nem mesmo explicá-lo,
mas veio enchê-lo da sua presença."
(Paul Claudel)


"O cristão não é um voluntário do sofrimento,
mas do amor,
um amor que amadurece também através do sofrimento."
(G. Davanzo)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O NOME DE JESUS

"O nome de Jesus se compara ao azeite.
O azeite tem cinco propriedades:
sobrenada a todos os líquidos,
amolece as coisas duras,
dulcifica as ásperas,
ilumina as escuras, sacia os corpos.

Também o nome de Jesus está acima de todo nome de homens e de anjos,
se o pregas amolece os corações duros,
se o invocas dulcifica as tentações ásperas,
se pensas nele ilumina o coração, se o lês sacia o espírito".

Santo António

INDAGAÇÕES SOBRE O CARPINTEIRO

“A árvore é força vertical da natureza, da terra em direcção ao céu. Tem a postura da espécie humana. Por isso o cego que Jesus curou em Bet...