terça-feira, 30 de junho de 2009

SER

«As pessoas não necessitam de reflectir tanto sobre o que deveriam fazer; elas deveriam, pelo contrário, reflectir sobre aquilo que elas são. Ora, se as pessoas e os seus modos fossem bons, então as suas obras poderiam refulgir limpidamente.
Se tu fores justo, então as tuas obras também serão justas. Não se pode pensar a santidade com fundamento numa acção; deve-se, pelo contrário, fundamentar a santidade em um ser, pois as obras não nos santificam, senão que nós devemos santificar as obras. (...)

O fundamento para que a essência e o fundamento do ser do homem, de onde as obras humanas recebem a sua benignidade, seja inteiramente bom, é o seguinte: que o carácter do homem esteja totalmente virado para Deus.
Coloca todos os teus esforços em que Deus seja grandioso para ti e que toda a tua ambição e devoção se dirijam para Ele em todo o teu actuar. Em verdade, quanto mais assim fizeres, tanto melhores serão as tuas obras, não importa de que género elas sejam.

Mestre Eckhart, em "Tratados e Sermões"

domingo, 28 de junho de 2009

Oração do Cardeal John Newman adaptada por Madre Teresa de Calcutá

Ó Jesus, ajuda-me a difundir
a tua fragância
Por onde quer que eu vá.
Inunda a minha alma como o teu espírito
e com a tua vida.
Penetra em mim, apodera-te
do meu ser de modo tão completo
que toda a minha vida seja uma irradiação da tua.
Ilumina por meu intermédio
cada alma
e toma posse de mim de tal modo
que cada alma de que me aproxime
possa sentir a tua presença na minha alma.
Faz com que, ao ver-me,
não me veja, mas a ti.
Fica comigo.
A minha luz virá toda de ti, Senhor,
e nem sequer um raiozinho será meu.
Serás Tu a iluminar os outros
por meio de mim.
Sugere-me o louvor que mais te agrada,
iluminando outros à minha volta.
Que não te pregue com palavras,
mas com o meu exemplo,
com a influência das minhas acções,
com o fulgor visível do amor que o meu coração recebe de ti.
Amén.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A MAIS PERFEITA ORAÇÃO

«Onde eu nada quiser para mim mesmo, há-de Deus querer para mim. (...)

Na verdadeira obediência, não deverá haver qualquer «eu quero assim ou assim» ou «isto ou aquilo», mas unicamente um perfeito renunciar ao que é teu.

Assim, na mais perfeita oração que o homem conseguir rezar, não deverá dizer-se :«Dá-me esta virtude, ou aquele modo», nem «Sim, Senhor, dá-te a mim ou dá-me a vida eterna», mas somente «Senhor, não me dês nada, excepto o que Tu quiseres, e faz, Senhor, o que quiseres e como quiseres de qualquer modo!». (...)

Como, pois, diz Santo Agostinho: «O fiel servidor de Deus não cobiça que lhe digam ou lhe dêem aquilo que ele gostaria de ouvir ou de possuir; porque a sua primeira, suprema ambição é a de acatar aquilo que mais agrada a Deus.»

Mestre Eckhart, em "Tratados e Sermões"

quinta-feira, 25 de junho de 2009

RENUNCIAR A SI MESMO

«Nada faz de alguém um verdadeiro ser humano, senão a renúncia à sua vontade. Em verdade, sem renúncia à vontade própria em todas as coisas nada conseguiremos perante Deus. (...)

Tu deves entregar-te a Deus com absolutamente tudo, e não te preocupares com o que Ele faz do que é seu. (...)

Só será uma vontade perfeita e verdadeira, aquela que entrar inteiramente na vontade de Deus, despojada de vontade própria. E quem mais longe tiver ido neste ponto, tanto mais e mais verdadeiramente terá ascendido a Deus. (...)

Em verdade, um homem que se tenha despojado inteiramente do que é seu estará de tal modo envolvido por Deus, que nenhuma criatura o conseguirá tocar, sem tocar primeiro em Deus; e aquilo que deverá chegar até ele, deverá primeiro passar por Deus; aí receberá primeiro o seu sabor e tornar-se-á divino.


Mestre Eckhart, em "Tratados e Sermões"

domingo, 21 de junho de 2009

COMUNIDADE CONHECER E SEGUIR JESUS

Caros amigos, irmãos, seguidores e visitantes do blogue:

Como alguns de vós já têm conhecimento, criei uma Comunidade com o mesmo nome do blogue, com o intuito de reunir todos aqueles que estejam interessados em compartilhar suas experiências de fé em Jesus, ou simplesmente confraternizar e construir amizades sinceras e verdadeiras.

Para participar basta clicar na opção "Associar-se" do badge que está no lado esquerdo do layout. Ou então, enviarem-me o vosso e-mail para vos enviar um convite pessoal de participação.

Já enviei um mail a todos aqueles que possuem endereço de e-mail no seu perfil do blogger. Contudo, há alguns cujo e-mail não está visível. Se estiverem interessados em participar, enviem-me o e-mail para poder enviar-vos o convite.

Todos são bem-vindos!
Espero que possam atender ao meu apelo, pois a vossa participação é para mim e para todos membros da Comunidade muito importante e preciosa.
Todos têm algo para partilhar da sua riqueza humana e espiritual.

«Os seres humanos formam como que uma grande orquestra, na qual todos contribuem para uma harmonia, e onde, por isso mesmo, todos são imprescindíveis, por mais pequeno que seja o contributo.» (Louis Evely)

ABRAÇO FRATERNO!

PAULO COSTA

sexta-feira, 19 de junho de 2009

RECONHECER A SUA VOCAÇÃO (2ª parte)

Onde quer que estejamos, não ficaremos lá senão compreendermos
que a isso fomos chamados por um apelo de Jesus que
nos convida a algo misterioso, de secreto e de muito belo:
a crescer no amor.
Peçamos a Jesus que nos ajude a não termos medo da nossa
pobreza,
a não ter vergonha da nossa pobreza
e a tomar consciência da nossa vocação, da nossa missão.

O apelo de Jesus é sempre diferente
e o seu objectivo é sempre o mesmo;
é um apelo a crescer no amor,
a fazer crescer o amor em nós e no mundo...

Cada apelo é diferente, cada apelo é único,
mas cada um, aí onde está e como é, é chamado a dar a vida.

São Marcos conta como um homem se abeira de Jesus,
e ajoelhando diante d´Ele Lhe pergunta: "Bom Mestre, que
devo fazer para ter a vida eterna?"
Jesus fala-lhe dos mandamentos de Deus e o homem responde:
"Mestre, tudo isso tenho praticado desde a minha juventude".
Então Jesus olhou-o e amou-o...
Prestai bem atenção a esta frase, o texto não diz: "amou-o" mas
sim "olhou-o e amou-o". Os seus olhos devem ter sido tão expressivos!
Então Jesus diz-lhe: "Uma só coisa te falta: vai, vende o que
tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem
e segue-Me" (Mc 10, 17-22).

"Vem e segue-Me; vamos caminhar juntos,
vais tornar-te Meu amigo.
Ensinar-te-ei, num mundo onde há tento egoísmo, injustiça
e violência, a ser um homem que ama,
um homem de esperança, um homem de paz.
Não tenhas medo, ensinar-te-ei pouco a pouco a viver de tal
forma que todo o teu corpo, todo o teu ser
se tornem um sinal de boa nova".
E, no entanto, o jovem tem medo.
No apelo de Jesus, há algo de muito belo.
Descobrimos que somos amados,
um outro mundo se abre diante de nós.
Mas há também algo de muito exigente:
é preciso aceitar deixar o nosso antigo mundo, vender aquilo
a que dávamos valor.

Jean Vanier, em "A Fonte das Lágrimas"

quinta-feira, 18 de junho de 2009

RECONHECER A SUA VOCAÇÃO (1ª parte)

Deus chama incessantemente
e não devemos pensar que estamos excluídos do seu apelo,
porque nos sentimos demasiado pequenos ou sem importância.
Pois Deus chama em primeiro lugar não os mais sábios,
os mais poderosos ou os mais fortes,
mas sempre os mais pequenos, os mais pobres, os loucos e os
fracos, os desprezados...

A escolha de Deus não é a dos homens.
Ele escolhe primeiro os pobres,
aqueles que reconhecem que são pobres, que não têm tal ou
tal capacidade,
pois a pobreza não é apenas pobreza material,
é sentir-se despojado, ser incapaz,
sentir-se incapaz.

Uma mãe que acaba de perder o filho é uma pobre,
uma mulher abandonada pelo marido é uma pobre,
um homem que perde o trabalho é um pobre,
aquele a quem se diz que tem um cancro é um pobre;
cada um de nós,
quando se sente desarmado, fraco, incapaz e o admite,
é um pobre.

O drama é que nos recusemos a admitir a nossa pobreza,
por medo de sermos rejeitados.
Ensinaram-nos que era necessário ser o melhor, o mais forte,
o mais sólido, aquele que ganha,
pois os pobres, os fracos, os frágeis, os mal amados,
os incapazes são desprezados;
a sociedade põe-nos de parte.
Então, fingimos tanto tempo quanto possível. Pretendemos
ser fortes e capazes, e vivemos da aparência.

Necessitamos de escutar em nós Deus que diz: "Não precisas
de fingir,
não precisas de te esconder,
podes ser tu próprio...

Jean Vanier, em "A Fonte das Lágrimas"

terça-feira, 16 de junho de 2009

HISTÓRIAS DOS PADRES DO DESERTO III

CARIDADE

Um ancião disse: «Tudo o que distribuis como esmola por temor a Deus, não o dês com dureza e frieza, mas olha o pobre com alegria na alma e com um rosto doce, e eleva-o assim acima de ti com honra, sabendo que a oferenda ao pobre é do agrado de Cristo e que o Senhor ama aquele que dá com alegria».

Dizem os que o conheceram, que o aba Agatão, quando tinha de ir fazer compras ao mercado, olhava à sua volta para escolher o vendedor.
Se visse uma viúva em dificuldades com o objecto que ele pretendia adquirir, perguntava-lhe: «Por quanto vendes isso?» E dava-lhe o que ela lhe pedia;
mas, se não tivesse dinheiro suficiente, dizia-lhe apenas: «Perdoa-me».

Um irmão foi ter com uma viúva para lhe comprar pano.
E ela gemia, enquanto estava a servi-lo.
O irmão perguntou-lhe: «O que tens tu?»
A viúva respondeu: «Foi Deus que te mandou ter comigo para que os meus filhos tenham que comer».
O irmão, ao ouvir estas palavras, teve pena dela, e sem que ela desse conta, deixou o pano que tinha pago, junto da viúva.

"Os Padres do Deserto" - Marcel Driot

domingo, 14 de junho de 2009

A FÉ CONSISTE EM DIZER-LHE "SIM!"

«Contrariamente ao que muitos pensam, a fé que move montanhas é uma fé débil, pobre, muito pequena... Jesus diz mesmo: «Se tiveres fé como um grão de mostarda...».(...)

Como é que "super-homens" da fé nos poderiam falar de Deus? A sua fé ser-nos-ia inacessível. Os insucessos dos Discípulos ensinaram-nos.

Nós mesmos comunicamos aos outros os tesouros de Deus muito mais pela nossa pobreza aceite. Lamentamo-nos por não termos "uma fé para transportar montanhas", imaginando que deveríamos ser campeões da religião.
Não, a nossa pobreza é já um tesouro, porque o nosso tesouro é a nossa confiança em Deus. Dizendo "sim" ao Senhor nas coisas mais simples, deixamo-l`O actuar em nós. (...)

A fé não está no limite dos nossos esforços.
Pobres, abrimo-nos a Deus e Deus fará tudo por nós.
A fé consiste em dizer-Lhe "sim!". (...)

Em que consiste esta fé tão pequena e tão poderosa?
Trata-se de abrir a nossa porta à vida de Deus.
Trata-se de consentir em deixar passar Deus por nós para encontrar os outros. »

Paul-Dominique Marcovits, em "Mestre, explica-nos!"

sexta-feira, 12 de junho de 2009

SEGUIR CRISTO


Tu, que desejas seguir Cristo, perguntas-te como descobrir a vontade do seu amor. Ouve ressoar em ti o eco da sua voz: vem, dar-te-ei onde repousar o teu coração, vem e segue-me! (...)

Para quem quer seguir Cristo, acontece que, à primeira vista, o sim e o não se debatem. É como a luta de um contra o outro. Toda a escolha pressupõe uma triagem entre várias possibilidades e está na natureza humana desejar ter tudo, sem renunciar a nada.(...)
Ninguém é naturalmente construído para um sim para toda a vida. Todos nós somos pobres em Cristo. Todos nós podemos dizer: a minha fé é pequena, mas o Espírito Santo está aqui, Ele conduz-me até ao fim, permitir-me-á viver uma bela e vasta aventura de confiança em Deus.
E eis que um dia supreendemo-nos a seguir Cristo: um sim tinha sido depositado pelo Espírito de Deus nas profundezas do ser. Deixar esse sim subir do fundo de si mesmo torna possível comprometer-te para toda a vida. Este sim é o mesmo que a Virgem Maria disse a Deus: seja feita a vossa vontade. (...)

Tu que procuras seguir Cristo, lembra-te: Ele é luz na tua obscuridade, Ele ama-te como se fosses único. Aí está o seu segredo.

Jesus Ressuscitado,
Tu és o Senhor de toda a vida,
também queremos estar sempre perto de ti.
Não nos deixes abandonar-Te nunca na berma do nosso caminho.
E, quando descobrimos as nossas fragilidades,
é então que se revelam os nossos recursos escondidos,
uma força interior,
um entusiasmo vindo de Ti.

Irmão Roger de Taizé, em "Oração: Frescura duma fonte"

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A RELAÇÃO COMIGO PRÓPRIO

Não devemos dar ouvidos à auto-suficiência, mas sim à vontade de Deus, ou seja, não devemos ficar pelos nossos desejos e necessidades, mas pesquisar profundamente em nós até encontrarmos o ponto em que possamos ficar em harmonia com a vontade de Deus. Este é também o ponto em que entramos em contacto com a nossa realidade essencial, com o nosso ser mais interior. Há diversas vozes dentro de nós. Uma delas é a voz superficial que São Bento relaciona com a própria vontade: «Agora, eu quero ir ali, quero ter isto, preciso disto sem falta, ou não quero aquilo que me irrita...»

Quando nós mergulhamos suficientemente em nós, em espírito de oração, descobrimos uma outra voz que se identifica com o nosso ser interior. É a voz de Deus. É a vontade de Deus.
A vontade de Deus não é algo estranho que nos abafa, é antes a expressão mais genuína daquilo que a nossa vida, a nossa liberdade, a nossa sinceridade querem. Só quando nós vivemos da vontade de Deus, da nossa verdade interior, é que a nossa vida vale a pena. A ligação com o nosso ser puro é condição para podermos experimentar Deus.

Quanto mais pesquisarmos a fundo em nós, mais reconheceremos que não vivemos em nós mesmos mas em Deus; que Deus nos chamou para formar a sua imagem em nós. E o nosso chamamento interior só é verdadeiro quando sentimos esta imagem de Deus em nós, quando escutamos o apelo da sua vontade a nosso respeito.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 9 de junho de 2009

A RELAÇÃO COM DEUS

A nossa vida só se torna pura quando está ligada a Deus, a nós mesmos e àqueles que nos rodeiam.
Muitos psicólogos pensam que as doenças do nosso tempo se devem à falta de ligações. Muitas pessoas não estão ligadas a nada: nem a Deus nem aos outros. São incapazes de estabelecer relacionamentos. (...)

Quando o homem tem dificuldade em se relacionar, a sua vida fica desorientada, ele perde o seu centro, o seu ponto de apoio.

No primeiro degrau trata-se da relação com Deus. Ela é o pressuposto para a nossa vida. Só nos podemos tornar puros, quando todos os nossos pensamentos e sentimentos estão ligados a Deus. (...)

Em tudo devemos estar ligados a Deus. Deus olha para nós. Vivemos sempre à frente dos seus olhos. Ele fita-nos com amor infinito, mas que também nos examina e nos chama à verdade interior. (...)
São Bento acredita que Deus está presente nos nossos pensamentos. Nós podemos encontrá-Lo se prestarmos atenção aos nossos pensamentos e sentimentos. Tudo o que se move no nosso coração tem a ver com Deus e com a nossa relação com Deus.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

domingo, 7 de junho de 2009

UM CORAÇÃO LÍMPIDO E PURO


"A oração torna o coração puro. É este o começo da santidade. A santidade não é um luxo reservado a alguns: é um dom simples oferecido a vós e a mim.

Onde começa a santidade? Nos nossos corações. É por isso que temos necessidade da oração contínua para manter o coração puro e assim ele tornar-se-á sacrário do Deus vivo. (...)

Deixar o amor de Deus tomar posse do coração, de forma total e absoluta, torna-se para o coração como uma segunda natureza. Que o coração não deixe entrar nada nele que seja contrário ao amor de Deus; que se esforce continuamente por aumentar este amor de Deus ao procurar agradar-Lhe em tudo e não Lhe recusando o que Ele pede; que aceite, como vindo da mão de Deus, tudo o que lhe acontece; que tome a firme decisão de nunca cometer uma falta deliberada e conscientemente, mas se cair, que peça perdão e se levante imediatamente. Um coração assim reza continuamente.

O conhecimento de Deus produz o amor e o conhecimento de si próprio faz-se na humildade. A humildade é apenas a verdade. O que é que possuímos que não tenhamos já recebido? - pergunta São Paulo. Se recebi tudo, que bem é que tenho de mim mesmo? Se estamos convencidos disto, nunca ergueremos a cabeça com orgulho. Se fordes humildes, nada vos tocará, nem o louvor nem o opróbrio, porque vós sabeis o que sois. Se vos culpam, não desanimareis. Se vos proclamam santo, não vos colocareis a vós próprios num pedestal. O conhecimento de nós próprios faz-nos ajoelhar.

Mudai os vossos corações...
Não há conversão sem mudança de coração:
mudar de lugar não é solução;
mudar de actividade não é solução.
A solução é mudar os nossos corações.
E como os mudamos?
Rezando.

Madre Teresa de Calcutá, em "Oração: Frescura duma fonte"

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ABRIR-SE AO AMOR DE DEUS

Existe um mistério dentro do homem, que, por um lado, deseja e tem uma imensa saudade de Deus e do amor, e é isso que no fundo nos define, nós somos esse desejo de infinito. Mas, por outro lado, o envolvimento imediato, a pressa, a ansiedade, o pecado, todas estas coisas desordenadas dentro de nós próprios, parece que afogam a nossa identidade mais essencial.(...)

A conversão é quando a pessoa descobre qual é, afinal, a sua maior verdade e vê que não lhe está a dar espaço na sua vida. Quando se decide a abrir-se ao amor de Deus, quando é capaz de ajudar os outros a descobrirem por sua vez esta verdade. E então somos também capazes de mudar o mundo, porque Deus está connosco.

Vasco Pinto de Magalhães, em "Onde há crise, há esperança"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A PORTA ESTREITA - Caminho da Purificação (2ª parte)

Franz Kafka conta a história de um homem que queria atravessar os portões de um castelo. Mas o porteiro impedia-o. Ele esperou diante da porta até ficar velho e doente. Quando estava a morrer, o porteiro fechou o portão dizendo: «Este portão era destinado só a ti.»

Há muitas pessoas que, durante toda a sua vida, não atravessam a porta que as conduz à vida. Preferem outras. Ou então têm medo de atravessar a porta estreita. Elas receiam os esforços, o ter de incomodar o porteiro até que ele as deixe passar. A porta estreita não é a porta do trabalho, mas porta que está destinada só para mim. Para atravessar esta porta preciso de me desfazer das ilusões que fiz de mim.

O caminho espiritual, como São Bento o entende, liberta-me de todo o lastro que eu transporto comigo, para poder entrar pela porta estreita para o caminho da purificação, o caminho que me conduz à pureza, o caminho no qual eu me torno eu próprio. Este caminho conduz-me à plenitude.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 2 de junho de 2009

A PORTA ESTREITA - Caminho da Purificação (1ª parte)

São Bento, na sua famosa Regra , não deseja impor nada duro e difícil aos monges. Quando a vida numa comunidade monástica parece por vezes dura, então ele encoraja: «Não te deixes perturbar pelo medo e não fujas do caminho da purificação; no início ele pode parecer estreito. Mas quem progride na vida monástica e na fé, verá o seu coração tornar-se largo, enquanto percorre o caminho dos mandamentos de Deus na alegria indizível do amor» (Prólogo 48)

O caminho da purificação, no qual nos tornamos puros e completos, está em conformidade com «o caminho estreito» de que falava Jesus (Mt 7, 13). O caminho largo é o caminho que todos percorrem. O caminho estreito é o caminho em que vivo todas as minhas vocações pessoais, em que vou crescendo na imagem que Deus pensou para mim. Para encontrar o meu próprio caminho tenho de atravessar a porta estreita que me foi destinada para chegar à plenitude.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

INDAGAÇÕES SOBRE O CARPINTEIRO

“A árvore é força vertical da natureza, da terra em direcção ao céu. Tem a postura da espécie humana. Por isso o cego que Jesus curou em Bet...