sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

E o AMOR sonhou a Vida...


E o AMOR sonhou a Vida...

Foi num tempo em que nem sequer havia tempo..,
Em que só existia o Amor,
que nem tem tempo nem lugar...

E o AMOR sonhou a Vida...
"Serás à minha imagem e semelhança..."
que ser é amar, a vida cantou e deu as mãos,
e deixou-se adormecer no embalo do AMOR...
e o AMOR beijou a vida...
e a vida tornou-se Vida...
E A Criação ganhou um coração!

A Vida descobriu a alegria de dizer "Tu",
a liberdade de dizer "eu"
e a felicidade de dizer "nós"...
Aprendeu que ser é amar,
e viver é construir o que não morre...

E o AMOR sorriu contente e disse :
“Serás da minha Família,
correrá nas tuas
o Sangue que corre nas minhas desde que
Sou "...
A vida enternece-se,
chorou lágrimas de alegria
e deixou-se fecundar...

E o AMOR beijou a Vida...
e a Vida tornou-se Vida…
e o Amor inaugurou a Festa há tanto tempo prometida,
e dançou com a Vida há tanto sonhada,
e mandou que em todo o tempo e lugar
houvesse quem anunciasse
que o AMOR já realizou o seu Sonho,
a Festa foi inaugurada.
e TODOS são convidados de honra...

Para que ninguém seja menos do que o AMOR o sonhou...

Rui Santiago cssr


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

O que acontece quando Deus Reina?



Com efeito, à pergunta “O que acontece quando Deus Reina?”, uma boa resposta seria: “Acontece Jesus!” ou “Acontece uma vida à Jesus!” ou ainda “Acontece o que acontece em Jesus!” O Reino de Deus não é um país, nem um território de outra ordem, nem uma hierarquia, nem nenhuma forma de monarquia: o Reino de Deus coincide com o mistério pessoal de Jesus de Nazaré. Ele é a acção reinante de Deus em pessoa! Ele é a RevelAcção do Reino de Deus e do Deus do Reino. Por isso, a Fé no Reino de Deus não se professa com uma enfiada de substantivos ao estilo de missangas num cordel, mas como uma sucessão significativa de verbos, como meninos de mãos dadas puxando uns pelos outros.

Rui Santiago cssr, in Estou em Crer, 2014

 

sábado, 23 de janeiro de 2021

SEGUE-ME

 


«Caminhando junto ao lago da Galileia, Jesus VIU Simão e seu irmão André… Um pouco adiante, Jesus VIU Tiago, de Zebedeu, e seu irmão João…” (Mc 1, 16-20) É assim que tudo começa. É Jesus quem toma a iniciativa, quem passa, vê, sai ao encontro, convida… 

Encontra-os no concreto do que fazem, no quotidiano das suas ocupações e é aí, no centro das suas vidas, que ele se faz proposta de qualquer coisa nova. É aí, no centro vital onde estão as suas seguranças, as suas certezas, o seu passado e o seu futuro… 

Jesus nunca procurou rodear-se de letrados na Lei, nem fariseus, nem gente piedosa de Jerusalém, que gravitavam à volta do Templo e do seu deus sempre insatisfeito. Queria gente calejada da vida, que conhecesse os meandros das experiências humanas mais profundas e reais, ainda que não as soubessem dizer com palavras bonitas, gente que soubesse comungar com as dores das pessoas que encontrassem no caminho, ainda que não fossem capazes de ler uma leitura na sinagoga aos sábados nem fazer um comentário à volta das minúcias desta ou daquela profecia…

Jesus entrava na vida destes homens e abria-lhes uma esperança, tocava dentro deles num ponto qualquer misterioso que os fazia sentirem-se desejosos de experimentar a aventura do Reino tal como ele a propunha, como um caminho de libertação das pessoas, de compromisso vital com elas no mais concreto, aí onde a vida acontece, onde a vida dói e morre às vezes, mas também se cura e re-suscita: “Pescadores de Homens”! Tudo parecia possível…. Com ele, sim! Inundava-os de uma esperança capaz de abandonar os barcos, as redes...

Quando os chama a serem seus companheiros e discípulos, não os chama em função de si mesmo, nem em função do que eles têm que “fazer”. Não lhes propõe que se voluntariem em função de uma causa “fora” deles… É mais profundo! Jesus compromete-se com eles: “Eu farei de vós…” “Eu farei de vós pescadores de homens”, diz-lhes Jesus. Não é um novo ofício que lhes está a dar, uma nova ocupação em regime de voluntariado solidário… É uma nova vida que lhes promete e com a qual se compromete ele mesmo: “Eu farei de vós...”Promete-lhes que ele mesmo fará dos seus outra coisa, fará neles coisas novas, lhes dará um futuro que sozinhos não constroem.

Ao chamá-los, Jesus compromete-se com eles e dá-se a eles de uma maneira incondicional. Jesus não compromete simplesmente pessoas consigo ou com a causa do Reino… Antes disso, e mais importante, Jesus compromete-se com elas! Ao convidá-los a tornarem-se seus discípulos, é ele que assume o compromisso com eles, e não o contrário. A eles pede-lhes que o sigam. Que o descubram e se descubram novos no convívio com ele…

Jesus não os “roubou” do que viviam… Mas tudo fica diferente quando ele entra na vida dos seus. “Imediatamente, deixando as redes, seguiram Jesus.” Deixaram as redes, não o barco nem o seu mundo… Jesus não os rouba do seu mundo; antes, mete-se nele! Ao longo de todo o evangelho encontramos Jesus a percorrer as aldeias piscatórias onde se moviam alguns dos seus discípulos certamente há muito mais tempo que ele, que era de Nazaré, bem longe dali. A sua missão desenrola-se toda à volta do grande lago da Galileia, com as gentes destas povoações. Jesus não lhes pediu que vendessem o barco ou o abandonassem… Pelo contrário, vemo-lo a usá-lo para se dirigir às multidões que se aglomeravam às vezes na margem. Subia ao barco, entrava um pouco no lago, e falava daí.

O Reino acontece do lado de dentro da vida dos discípulos de Jesus, não fora, dentro das situações concretas que viviam, das ocupações que tinham, das pessoas que conheciam, das povoações que percorriam… É a partir daí que o Reino começa a emergir e a difundir-se, pela força de Jesus, cheio do Espírito.»
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Rui Santiago cssr, in "Yeshua"

Ilustração: Agustin De La Torre

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

“Levanta-te! Não tenhas medo!”


"Se nos pomos à conversa com os tantos e tantas dos evangelhos, vamos ter que alongar a vida para escutar todas as histórias. Porque haverá crianças com inclinações de Jesus para contar, e aquela mulher acusada de adultério e atirada aos pés das gentes, e Bartimeu sentado na berma do caminho, e Levi sentado no seu posto de cobrança... Não é certamente por acaso que uma das expressões mais vezes colocada na boca de Jesus pelos evangelistas seja “Levanta-te!” Se nos pomos a contar, os dedos das mãos não nos chegarão para isso... E a outra, já agora, mais repetida, é “Não tenhas medo!”
Eis o que um Deus que Se inclina para nós, ao encontrar-nos tão a jeito na vida de Jesus, tem para dizer-nos: “Levanta-te! Não tenhas medo!”

Rui Santiago cssr, in Yeshuah, 2013


sábado, 16 de janeiro de 2021

O ESSENCIAL


"Isto que eu vivo, é fé? Como alguém se torna mais crente? Que passos temos que dar? São perguntas que escuto frequentemente de pessoas que desejam fazer um percurso interior em direção a Jesus Cristo, mas que não sabem que caminho seguir. Cada um tem de escutar o seu próprio chamamento, mas a todos nos pode fazer bem recordar coisas essenciais.

Crer em Jesus Cristo não é ter uma opinião sobre ele. Falaram-me muitas vezes Dele; talvez tenha lido algo sobre a Sua vida; atrai-me a Sua personalidade; tenho uma ideia da Sua mensagem. Não basta. Se quero viver uma nova experiência do que é acreditar em Cristo, tenho que mobilizar todo o meu mundo interior.

É muito importante não pensar em Cristo como alguém ausente e distante. Não ficarmos no «Menino de Belém», no «Mestre da Galileia» ou no «Crucificado do Calvário». Não o reduzir, tampouco, a uma ideia ou a um conceito. Cristo é uma «presença viva», alguém que está na nossa vida e com quem podemos comunicar na aventura de cada dia.

Não pretendas imitá-Lo rapidamente. Antes, é melhor penetrar numa compreensão mais íntima da Sua pessoa. Deixarmo-nos seduzir pelo Seu mistério. Entrar no Espírito que o faz viver de maneira tão humana. Intuir a força do Seu amor pelo ser humano, a Sua paixão pela vida, a Sua ternura para com o débil, a Sua confiança total na salvação de Deus.

Um passo decisivo pode ser ler os evangelhos para procurar pessoalmente a verdade de Jesus. Não faz falta saber muito para entender a Sua mensagem. Não é necessário dominar as técnicas mais modernas de interpretação. O decisivo é ir ao fundo dessa vida a partir da minha própria experiência. Guardar as Suas palavras dentro do coração. Alimentar o gosto da vida com o Seu fogo.

Ler o evangelho não é exatamente encontrar «receitas» para viver. É outra coisa. É experimentar que, vivendo como Ele, se pode viver de forma diferente, com liberdade e alegria interiores. Os primeiros cristãos viviam com esta ideia: ser cristão é «revestir-se de Cristo», reproduzir em nós a Sua vida. Isto é o essencial. Por isso, quando dois discípulos perguntam a Jesus: «Mestre, onde moras?», O que é viver para Ti? Ele responde-lhes: «Vinde e vereis».

José Antonio Pagola

INDAGAÇÕES SOBRE O CARPINTEIRO

“A árvore é força vertical da natureza, da terra em direcção ao céu. Tem a postura da espécie humana. Por isso o cego que Jesus curou em Bet...