quinta-feira, 30 de julho de 2009

IMAGEM DE DEUS

"Sto. Agostinho diz: quando a alma do homem se vira completamente para a eternidade, para Deus somente, então resplandece e ilumina-se a imagem de Deus; mas se a alma se vira para o exterior, mesmo que seja para o exercício exterior da virtude, então essa imagem torna-se completamente encoberta. (...)

O mestre Orígenes apresenta-nos a seguinte metáfora: a imagem de Deus, ou seja o Filho de Deus, é no fundo da alma como uma fonte de água viva. Mas se alguém atirar terra, isto é os desejos terrenos, para cima dela, então ela ficará entulhada e encoberta, de forma que não a reconheceremos nem nos aperceberemos dela; no entanto, ela permanece viva em si mesma, e quando se retira a terra que foi atirada de fora para cima dela, então ela aparece de novo e nós apercebemo-nos dela.»


Mestre Eckhart, em "Tratados e Sermões"

terça-feira, 28 de julho de 2009


"Deus é um Deus do presente: como te encontra, assim te assume e te permite vires a Ele. Deus não pergunta o que tens sido, mas o que tu és agora." (Mestre Eckhart)

"O anel de ouro, o vestido de festa, o banquete, são para as almas que regressam." (Julien Green)

domingo, 26 de julho de 2009

OLHAR EM VOLTA

As palavras de Jesus: «Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo» (Mt 6, 33) são o que melhor sintetiza a maneira como somos chamados a viver a vida; com o coração fixo no reino de Deus.

Esse reino não é nenhuma terra longínqua que um dia esperamos alcançar, nem é a vida depois da morte ou um estado ideal. Não. O reino de Deus é, antes de mais, uma presença activa do espírito de Deus no nosso íntimo que nos oferece a liberdade por que realmente anelamos.

E, por isso, a principal questão é a seguinte: Como centrar, acima de tudo, o nosso coração no reino, se ele está preocupado com tantas coisas?

De alguma forma, é necessária uma mudança de coração, uma mudança que nos possibilite a experiência da realidade, da nossa existência do ponto de vista de Deus.

Uma vez, assisti a uma mímica em que um homem se esforçava por abrir uma das três portas dum quarto em que se encontrava. Ele empurrava e puxava as maçanetas das portas, mas nenhuma das portas se abria. Então deu um pontapé no painel de madeira da porta, mas a madeira não cedeu. Finalmente, deixou-se cair com todo o seu peso contra as portas, mas nenhuma delas cedeu.
Era uma visão ridícula, mas muito hilariante, porque o homem estava tão concentrado nas três portas fechadas que nem sequer reparou que o quarto não tinha parede e que podia perfeitamente sair, bastando para isso olhar à sua volta.

A conversão é isto mesmo. É uma volta completa que nos permite descobrir que não somos prisioneiros como julgamos ser.
Do ponto de vista de Deus, frequentemente parecemo-nos com o homem que procura abrir as portas fechadas do seu quarto. Preocupamo-nos com muita coisa e chegamos mesmo a causar mágoa a nós próprios por nos preocuparmos tanto.
Deus diz: «Dá uma volta, centra teu coração no meu reino. Eu dou-te toda a liberdade que quiseres.»

Henri Nouwen, em "Aqui e Agora"

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A CHAMA DA FÉ


Senhor Ressucitado,
sempre que possuímos o desejo simples
de acolher o teu amor eis que, pouco a pouco,
uma chama se acende no mais profundo do nosso ser.
Avivada pelo Espírito Santo,
mesmo sendo muito frágil,
ela não pára de arder.
E quando descobrimos que Tu nos amas,
a confiança da fé torna-se o nosso próprio cântico.

Irmão Roger de Taizé, em "Em tudo a paz do coração"

terça-feira, 21 de julho de 2009

HARMONIA NA CARIDADE

A vossa concórdia e harmonia na caridade é como um hino a Jesus Cristo.
Procurai todos vós formar parte deste coro,
de modo que, harmonizados pela concórdia,
recebendo a melodia de Deus na unidade,
possais cantar em uníssono por Jesus Cristo ao Pai.

(S. Inácio de Antioquia)

domingo, 19 de julho de 2009

OS FERIDOS QUE CURAM

"Ninguém escapa de ser ferido. Somos todos pessoas feridas, física, emocional, mental ou espiritualmente. A questão principal não é "como podemos esconder nossas feridas", assim não temos de nos sentir envergonhados, mas "como podemos colocá-las a serviço de outros".

Quando nossas feridas deixam de ser uma fonte de vergonha e passam a uma fonte de cura, tornamo-nos pessoas feridas que curam.
Jesus é o enviado de Deus que, mesmo ferido, cura. Por meio de suas feridas somos curados. O sofrimento e a morte de Jesus trouxeram alegria e vida. Sua humilhação trouxe glória; sua rejeição, uma comunidade de amor.
Como seguidores de Jesus, também podemos permitir que nossa feridas tragam a cura aos outros."

Henri Nouwen, em "Pão para o caminho"

quinta-feira, 16 de julho de 2009

PAIRA EM NÓS...

«Paira em nós um reflexo de Cristo. De nada serve procurar saber do que se trata. Existem na terra muitas pessoas em quem, sem elas o saberem e, porventura, sem se atreverem a acreditar nisso, resplandece a santidade de Cristo!

Jesus de misericórdia, Tu concedes-nos a graça de estar em comunhão contigo. E o nosso coração rejubila quando descobrimos que ninguém está excluído, nem do teu perdão, nem do teu amor.»

Irmão Roger, de Taizé, em "Em tudo a paz do coração"

terça-feira, 14 de julho de 2009

SÊ VERDADEIRO PERANTE DEUS

«Muitos queixam-se que não experimentam Deus na oração. Uma razão importante pela qual não experimentam Deus é porque eles não se experimentam a si mesmos. Eles oferecem a Deus apenas o seu lado piedoso. Mas escondem de Deus tudo o que é reprimido. Então, a sua oração não se pode tornar vida. Pois tudo aquilo que nós eliminamos, falta-nos em vivacidade.

Quando escondemos algo de Deus, entre Deus e nós não há fluxo. Sentimo-nos diante de Deus vazios e bloqueados.
Rezar significa elevar a Deus tudo o que há em nós; exprimirmo-nos diante de Deus. Rezar é sempre o caminho do autoconhecimento e do contacto connosco mesmos. Quando elevo a minha verdade a Deus, pressinto quem é Deus e quem eu sou.»

Anselm Grün

domingo, 12 de julho de 2009

ABRIR A PORTA DO CORAÇÃO

A oração tem como primeiro efeito criar em mim as condições de abertura a Deus, de comunhão com Ele, de Lhe abrir a porta.
Pedir é dispor-me a receber,
não é estar a avisar a Deus do que me falta,
é abrir o coração para receber o que Ele sabe que eu necessito e tem para me dar.
É um acto de humildade de quem se reconhece carente de amor e graça.

Vasco Pinto de Magalhães, em "Onde há crise, há esperança"

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Santo Agostinho e o Amor

«É tão grande a força do amor que transforma amante em imagem do amado.

Amando a Deus nos tornamos divinos; amando ao mundo nos tornamos mundanos

Cada homem é aquilo que ama.

Quanto mais amas, mais alto sobes.»

Santo Agostinho

terça-feira, 7 de julho de 2009

DEUS EM TODAS AS COISAS

Nosso Senhor disse:«Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor» (Lc 12, 36).

Em verdade, essas pessoas que esperam são despertas e olham em seu redor para verem donde virá aquele que elas esperam, e elas esperam-no em tudo o que chega, e por muito estranho que algo lhes seja, perguntarão se porventura ele não estará nisso.

Assim devemos nós também procurar conscientemente com o olhar a Nosso Senhor em todas as coisas. Para tal é necessário zelo, e não se devem poupar esforços no que conseguirmos realizar somente com nossos sentidos e forças; então as pessoas estarão certas, e alcançarão Deus de modo igual em todas as coisas, e na mesma medida encontrarão Deus em todas as coisas.

Mestre Eckhart, em "Tratados e Sermões"

domingo, 5 de julho de 2009

AGARRA-TE A DEUS

«Agarra-te a Deus,
assim Ele prenderá em ti todo o bem.
Busca a Deus,
assim encontrarás a Deus e todo o bem. (...)

Quem se agarra a Deus,
é agarrado por Deus a toda a virtude.
E aquilo que tu antes procuraste,
procura-te agora a ti;
aquele a quem tu perseguiste antes,
persegue-te agora;
e aquilo de que tu antes querias fugir,
foge agora de ti.

Por conseguinte: quem agarra Deus apertadamente,
é agarrado por tudo o que é divino,
e dele foge tudo o que é dissemelhante e estranho a Deus.

Mestre Eckhart, em "Tratados e Sermões"

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ENCONTRAR DEUS NAS DIFICULDADES

Nós encontramos Deus no meio daquilo que nos acontece, que nos agride, sejam os irmãos, que nos fazem mal, seja a própria sombra, que nos ataca.
É na rotina diária que se decide se o indivíduo se torna amargo e duro, pelas frustrações da vida, ou se opta por se abrir a Deus, deixando-se modificar pelo seu Espírito. (...)

A raiva perante a injustiça e perante situações adversas torna-nos cegos para as hipóteses de solução que se escondem nas dificuldades da vida. (...)
Quando as situações adversas são vividas à luz de Deus, esta luz altera os nossos sentimentos e dá-nos força interior. (...)
É nos problemas e dificuldades que arrasto comigo que me encontro com Deus, que actua em mim e me modifica.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

INDAGAÇÕES SOBRE O CARPINTEIRO

“A árvore é força vertical da natureza, da terra em direcção ao céu. Tem a postura da espécie humana. Por isso o cego que Jesus curou em Bet...