quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DESCE À PORTA DA TUA CASA E ABRE O COFRE (2ª folha)


Abri a segunda folha. Via-se na gravura um homem rico a distribuir dinheiro por uma multidão de pobres, à porta de sua casa. Os pobres estavam estupefactos. O homem, esse, estava visivelmente feliz.

Ele e Jesus, que à janela da casa observava a cena e dizia: "Veio hoje a salvação a esta casa!"

Percebi tratar-se de Zaqueu, o cobrador de impostos de que fala S. Lucas no capítulo 19 do evangelho. Zaqueu era judeu mas trabalhava para o inimigo, cobrava impostos para os ocupantes, os romanos. Cobrava até muito mais do que o imperador exigia, e assim enriquecera. Tirava dinheiro aos pobres para se manter nas boas graças dos poderosos, vivia às custas de uns e em função de outros. Um dia, que havia de virar para sempre a sua vida, Jesus foi a sua casa. E este encontro mudou completamente as suas relações com os outros. Decidiu restituir generosamente tudo o que tinha cobrado a mais e, quanto ao resto da sua fortuna, dar metade aos pobres. Não passou muito tempo até os ter a todos à porta de sua casa!

Era esta a cena que a gravura mostrava: Zaqueu feliz a abrir o cofre, perante os olhares ainda incrédulos da população. Sob a gravura uma legenda dizia:"DESCE À PORTA DA TUA CASA E ABRE O COFRE"

Gostei de imaginar Zaqueu tão preocupado com as pessoas que tinha à porta de casa que nem tinha tempo para se lembrar da sua própria conversão. Mas esta, no fundo, era nada mais do que a sua falta de tempo para se preocupar consigo. Antes vivia para si, à custa dos pobres e em função dos poderosos. Agora vivia simplesmente para os outros.

Fiquei a pensar que também à nossa porta Deus põe tantas pessoas! Achei mesmo que é entregando-nos a elas que acabamos por nos mudar a nós próprios. Como se, para se ser melhor, a solução não fosse pensar em quaisquer estratégias de autoconversão mas apenas abrir os olhos e tomar como missão pessoal o bem daqueles que Deus já colocou à nossa porta. "Desce à porta de tua casa e abre o teu cofre" (Nuno Tovar de Lemos, s.j. , em "O Príncipe e a Lavadeira")

2 comentários:

Júlio César disse...

Realmente existem muitas pessoas vivendo para si mesmas, até mesmo cristãos fazendo isso (e muitas vezes nós mesmos acabamos vivendo assim também)...

O Cristianismo tem a ver com altruísmo, pois amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, o nosso EU morre e com ele todo o EGOCENTRISMO ADÂMICO...

E aí está a essência do Negue-se a si mesmo...

Às vezes podemos até pensar que temos que cuidar de nós e nos amar também, mas se amamos a Deus sobre tudo e ao próximo como a nós mesmos, com certeza Seremos MUITO mais amados !

Obrigado por compartilhar de tal tesouro contido nesse livro conosco.

um grande abraço !

Graça ivo disse...

Deus sendo Amor,e É,está em relação constante com Tudo que Criou. Portanto,daí apreendemos que só podemos Amar a Deus se amarmos aquilo que Ele ama. Nossos irmõas devem ser nossos amores.
E nosso coraçõa deve ser o cofre, que como Zaqueu devemos abrir.E dele deixar jorrar o Amor, a moeda mais preciosa aos olhos de Deus que podemos ofertar à alguém.
Envio a todos os meus amigos do Blog de nosso amigo Paulo, muito Amor.
Graça

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