«Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.» (Romanos 8, 28)
«Os anos que te antecedem, recheados de conflitos e sofrimento, serão a seu tempo recordados como o caminho que te conduziu à tua nova vida. Mas enquanto essa nova vida não te pertencer completamente, as tuas recordações continuarão a fazer-te sofrer. Quando revives acontecimentos dolorosos do passado, podes sentir-te vítima deles. Mas existe uma maneira de contares a tua história sem sentir dor e nessa altura também te sentirás menos pressionado a contá-la. Aperceber-te-ás que o teu lugar deixou de ser lá: o passado já era, o sofrimento deixou-te, já não precisas de regressar para o aliviar, já não dependes do teu passado para te identificares.
Há duas maneiras de contar a tua história. Uma consiste em contá-la de forma compulsiva e premente, regressando continuamente a ela por que encaras o teu presente sofrimento como consequência das tuas experiências passadas. Mas existe outra maneira. Podes contar a tua história de um ponto onde ela já não te domina. Podes falar dela com algum distanciamento e encará-la como caminho para a liberdade de que actualmente gozas. Verás, então, que desapareceu a compulsão de contar a tua história. De uma perspectiva de vida em que agora te encontras e com o distanciamento que agora possuis, o teu passado já não te ensombra. Perdeu o peso e pode ser recordado como o modo que Deus encontrou para te ajudar a ter compaixão pelo próximo e a compreendê-lo.»
Henri Nouwen, em "A Voz Íntima do Amor"
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