«A verdadeira unidade não é a unicidade mas a riqueza dum pluralismo soldado pelo amor. Uma sinfonia é feita duma pluralidade de notas que não têm valor senão em relações que mantêm umas com as outras. Mas cada nota deve manter-se ela mesma e querer que as outras sejam elas mesmas, porque, se ela desaparecesse, o acorde já não seria um: ficaria mais pobre.
O ideal da orquestra não é que haja só violões. O violão deve querer que o violoncelo seja plenamente violoncelo, a flauta plenamente flauta e que essa diferença, essa riqueza e essa diversidade dos instrumentos constituam uma orquestra verdadeiramente una.
O amor quer que o outro seja e que seja verdadeiramente outro. Não um reflexo de si, não um satélite, mas uma outra liberdade. Deus quer - é o seu próprio ser, o seu acto simples, eterno - que o outro seja, que os outros sejam. E este querer é eficaz, como todo o querer divino.
Aquele que é a luz, quer que a luz resplandeça nos olhos do ser amado. Se te amo, não posso querer que os teus olhos sejam baços. Se te amo, quero que haja luz nos teus olhos e desejo estar junto de ti como um contágio de luz, uma transmissão de existência luminosa.
Um olhar de amor ou amizade, é um olhar de ambição para o outro. Amo-te quer dizer: sou ambicioso em relação a ti, sobretudo não quero dominar-te nem abafar a tua liberdade, desejo despertar-te. Quero que a minha liberdade comungue com a tua, o que não é possível se a tua não existir.(...)
Deus é suscitador de pessoas livres. Ele não pode amar-nos se não vir nos nossos olhos a luz da liberdade.» - François Varillon, em "Alegria de Crer e Viver"
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