Poucos dias depois, o filho mais novo ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades. Então foi encontrar-se com um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada. Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi para seu pai. - Lucas 15, 13-20
Num dos seus livros mais conhecidos e aclamados - O regresso do filho pródigo - Henri Nouwen escreveu: "O regresso do filho pródigo está cheio de ambiguidades. Segue viagem pelo caminho certo , mas que confusão! Admite ser incapaz de o percorrer por si mesmo e reconhece que seria mais bem tratado como escravo em casa do seu pai do que como pária numa terra estranha; no entanto, está longe de se fiar no amor do pai. Sabe que continua a ser filho, mas diz de si para si que perdeu a dignidade de ser chamado «filho»; prepara-se para aceitar a condição de «jornaleiro» e assim conseguir ao menos sobreviver. Há arrependimento, mas não um arrependimento à luz do imenso amor de um Deus que perdoa. É um arrependimento interesseiro que lhe proporciona a possiblidade de sobreviver. É como quem diz: «Bem, não sou capaz sozinho, tenho de reconhecer que Deus é o único recurso que me resta. Irei ter com Ele, pedir- Lhe- ei que me perdoe e me permita sobreviver fazendo trabalhos forçados». Deus continua a ser visto como um Deus severo, um Deus justiceiro. É este Deus que faz que me sinta culpado, preocupado e que ecoem no meu interior todas estas desculpas. A submissão a um Deus assim não confere a verdadeira liberdade interior; apenas consegue alimentar a amargura e o ressentimento.
Um dos grandes desafios da vida espiritual é receber o perdão de Deus. Há qualquer coisa em nós, seres humanos, que nos faz ficar presos aos nossos pecados e nos impede de deixar Deus apagar o nosso passado e oferecer-nos um recomeço completamente novo. Ás vezes parece que quero provar a Deus que a minha escuridão é grande demais para ser superada. Enquanto Ele quer devolver-me toda a dignidade da minha condição de seu filho, eu continuo a afirmar que me contentaria com ser um empregado.
Mas quererei realmente que me seja devolvida toda a responsabilidade de filho? Desejarei de facto ser totalmente perdoado e que me seja possível viver de outra forma? Terei fé suficiente em mim mesmo e numa emenda tão radical? Desejarei acabar com a rebelião contra Deus, tão arraigada em mim, e render-me ao seu amor tão absoluto que pode fazer surgir em mim uma pessoa nova? Receber o perdão implica vontade de deixar Deus ser Deus e de O deixar realizar toda a acção de cura, restauro e renovação da minha pessoa. Sempre que me esforço por o fazer sozinho, e só em parte, acabo por me conformar com soluções do tipo «converter-me em empregado». Sendo empregado, posso continuar à distância, posso continuar rebelde ou queixar-me do salário. Mas se for filho amado, tenho que reclamar a minha dignidade e começar a preparar-me para vir a ser pai."
Henri Nouwen, o regresso do filho pródigo
3 comentários:
O nosso PAI, está SEMPRE, aguardando o nosso regresso!
Como é bom, pudermos contar com o Seu "colinhoo", com o Seu perdão, com o Seu amor, com a Sua fidelidade, com a Sua misericórdia, com a Sua graça, com a Sua força, com as Suas promessas... simplesmente como é bom, pudermos contar COM O SENHOR!
Que nesta semana, tudo te corra BEM e que Jesus, faça a Sua Luz brilhar sobre ti, meu irmão, meu amigo. :D
Sabes mesmo bem sentir o colinho do Pai. Por que temos tanto medo de O abraçar?
beijos em Cristo
Amigo, gostaria, depois de dizer que o melhor lugar é nos braços do Pai, e que o texto é uma grande benção; que vás até o meu blog, please, ver o mimo que deixei para ti lá!
abraços
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