terça-feira, 22 de maio de 2007

Meu Deus, Liberta-me do meu Egocentrismo!


O egocentrismo é um fenómeno presente em toda a experiência humana. Isto é evidente na rica variedade das palavras da nossa língua que incluem o componente "ego" ou "auto". Quantas delas carregam em si um sentido pejorativo ou negativo? Egoísmo, egolatria, auto-afirmação, auto-acusação, auto-agressão, autopiedade, auto-comiseração, autodestruição, auto-indulgência, auto­promoção, autopunição, auto-suficiência...Além do mais, nosso egocentrismo é de uma tirania terrível. Malcolm Muggeridge costumava falar e escrever a respeito do "calabouçozinho escuro que é o meu próprio eu". E que escuridão tem esse calabouço! Deixar-se absor­ver nos seus próprios interesses e ambições egoístas, sem qualquer consideração pela glória de Deus ou pelo bem-estar dos outros, é estar confinado na mais intrincada e insalubre das prisões. Mas Jesus Cristo, que ressurgiu dentre os mortos e está vivo, pode libertar-nos. Nós podemos conhecer "o poder da sua ressurreição". Ou, colocando a mesma verdade por outras palavras, o Jesus que vive pode, através do seu Espírito, impregnar a nossa personalidade e virar-nos do avesso. Não que nós sejamos perfeitos, é claro; só que, pelo poder do seu Espírito que habita em nós, pelo menos já começamos a experimentar uma transformação do eu para o não-eu. Nossa personalidade, antes fechada em si mesma, começa a abrir-se para Cristo, assim como uma flor se abre para o sol nascente.


O verdadeiro amor, no entanto, impõe restrições ao amante, pois o amor é essencialmente autodoador. E isto nos leva a um surpreendente paradoxo cristão. A verda­deira liberdade é a liberdade para ser eu mesmo, assim como Deus me fez e como ele pretendia que eu fosse. E Deus me fez para amar. Mas amar é dar, é autodoação. Portanto, para ser eu mesmo, eu tenho que negar-me a mim mesmo e doar-me. Para ser livre eu tenho que servir. Para viver, eu tenho que morrer para o meu próprio egocentrismo. E, para encontrar-me, tenho que esbanjar-me em dar amor. A verdadeira liberdade é, pois, exactamente o oposto do que muita gente pensa. Não é ser livre de toda a respon­sabilidade que tenho para com Deus e os outros, a fim de viver para mim mesmo. Isto é ser escravo do meu próprio egocentrismo. Pelo contrário, a verdadeira liberdade é a libertação do meu tolo e diminuto ego, a fim de viver responsavelmente com amor a Deus e aos outros."Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á."- Marcos 8, 35


John Stott - Ouça o Espírito, Ouça o Mundo


Não tenho dúvida de que boa parte, senão a totalidade, da infelicida­de humana explica–se por essa tendência de viver de maneira egoísta. Num mundo tão diverso, ninguém consegue ser feliz se tudo o que valoriza é o seu conforto e bem–estar pessoal. Por mais distintas que sejam, todas as tradições de espiritualidade têm um ponto comum: concordam que as pessoas mais estabilizadas na vida, e por que não dizer, felizes, são aquelas que cultivam o espírito abnegado, solidário, altruísta. Esse é mais um, se­não o, paradoxo da vida: o caminho da auto–realização é a negação do ego.


Ed René Kivitz - Vivendo com propósitos

6 comentários:

Elisheba disse...

O Mundo inteiro está como está porque está desviado e irado com Deus!!


Gostei.Continua!

H K Merton disse...

Texto primoroso! Verdade absoluta esta, de que a causa maior das nossas tristezas e frustrações é o nosso próprio egoísmo. Parabéns por esse espaço tão produtivo e belo, em meio à feiúra que hoje domina tanto o mundo real quanto o virtual.

A Paz de Cristo seja conosco!

A Flor disse...

Boa Noite mano! :D

Deixo-te um pensamento:

"Um mundo sem confiança é indigno de confiança, desregrado e inóspito.

A Vida sem confiança torna-se mesquinha, tímida e tensa.

Dá a mão a Deus, para te precaveres de uma vida e de um mundo demasiado estreitos para o amor."

Beijinho colorido e perfumado com a cor e o perfume do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, da Flor para ti e para todos os que por aqui passarem!

Flor

A Flor disse...

Paulo, podes passar no blog FUNDAMENTALIDADES e se achares que deves fazê-lo, deixar o teu comentário no post de à uns dias atrás sobre o fenómeno Fátima?

É TEMPO DE SEMEARMOS A PALAVRA! :D

Sempre com mansidão, respeito e muito amor pelo nosso próximo.

Vai ver o comentário que lá deixei.. tento sempre não comentar sobre este assunto, mas não consigo, é mais forte do que eu!!! :D

Flor

A Flor disse...

Não sei onde tens o teu testemunho?

No meu blog, do lado direito, diz: conhece-me mais clica aqui.. clica e vais ver o meu perfil...

O Salmo 23... eu já o vivi... eu sei o que é andar pelo vale da sombra da morte ... e foi a vara e o cajado do Senhor... que me sustentou à vida! :D

Ele, o meu senhor e salvador, deu-me uma nova vida.... por isso, nova criatura sou!...

Beijinho grande no amor do nosso amado Pai.

Flor

Marlene Maravilha disse...

A razão está no excelente texto!
"O amor é essencialmente autodoador." Nada a acrescentar, está tudo maravilhosamente dito.
Abraços

INDAGAÇÕES SOBRE O CARPINTEIRO

“A árvore é força vertical da natureza, da terra em direcção ao céu. Tem a postura da espécie humana. Por isso o cego que Jesus curou em Bet...