«O cristão crê no amor de Deus. Um amor que a confissão das suas tristes cobardias ou mesmo dos seus pecados graves não consegue repelir, desencorajar e abandonar. Para ele, não é possível o desprezo de si e o abatimento que ele provoca. O olhar divino reergue-o, como ao rapaz ressuscitado por Cristo.
Cristo não veio julgar e condenar. Veio salvar e resgatar. E a redenção é, em primero lugar, a Revelação, a revelação do inimaginável, do «indesanimável», do indestrutível amor do Pai.
Amor do Pai traduzido pelos olhares de Cristo, tantas vezes evocados no Evangelho: «Ele olhou para ele e amou-o». O olhar de Cristo não é anónimo, impessoal - atinge o eu profundo de cada ser. Salva-se quem, ao encontrar esse olhar, reconhecer o seu pecado e o reprovar.
O amor divino que, então, descobre e a que se entrega reconcilia-o consigo próprio, podendo finalmente amar-se com o amor de si sem o qual não pode viver; nele desperta e surge «o homem novo», na alegria da manhã de Páscoa. E fundem-se as lágrimas e o sorriso.»
Henri Caffarel, em "Nas encruzilhadas do amor"
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