terça-feira, 23 de março de 2010

TONAR-SE «O AMADO» (2ª PARTE)

«Tornar-se amado significa deixar que a verdade do «ser amado» incarne em tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos.

Ora, isso comporta um longo e penoso processo de apropriação ou, melhor ainda, de incarnação. Enquanto o «ser amado» pouco mais for que um belo pensamento ou uma ideia sublime a pairar suspensa na minha vida e que se limita a evitar que eu caia na depressão, nada muda realmente. O que é necessário é tornar-me amado nos lugares comuns da minha existência diária e, pouco a pouco, colmatar o vazio que existe entre o que sei que sou e as inumeráveis realidades específicas da minha vida quotidiana.

Tornar-se «amado» significa aplicar esta mesma realidade, que me é revelado do alto, à ordinariedade do que sou e, por conseguinte, do que penso, digo e faço hora a hora. (...)

Estou totalmente convencido de que a origem e a finalidade da nossa existência tem tudo a ver com a maneira como pensamos, falamos e actuamos na vida de todos os dias.
Se a nossa mais profunda convicção for a de que somos «os amados» e se a nossa maior alegria e paz consistirem em reivindicar essa verdade, a consequência lógica é que isso tem que se tornar visível e palpável na forma como comemos e bebemos, falamos e amamos, nos distraímos e trabalhamos.

Quando as mais profundas correntes da nossa vida já não têm repercussão à superfície das ondas, então a nossa vitalidade acabará eventualmente por se esgotar e nós acabaremos por fraquejar e por nos aborrecermos, mesmo quando estamos ocupados.»

Henri Nouwen, em "Viver é ser amado"

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