segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O PESO DO JULGAMENTO


Henri Nouwen (24 de Janeiro de 1932 - 21 de Setembro de1996)
Passam hoje 13 anos sobre a morte de Henri Nouwen.

Convido-vos a ler a homenagem que lhe prestei há precisamente um ano: http://seguirjesus.blogspot.com/2008/09/henri-nouwen.html


«Imaginemos que não temos nenhuma necessidade de julgar ninguém. Imaginemos que não temos nenhuma vontade de decidir se alguém é boa ou má pessoa. Imaginemos que somos completamente livres de sentir e ajuizar sobre o tipo de comportamento, seja de quem for. Imaginemos-nos com a capacidade para dizer: «Não vou julgar ninguém!»

Imaginemos - não seria isto uma autêntica liberdade interior? Os Padres do deserto do século IV diziam: «Julgar os outros é um fardo pesado.» Eu tive alguns momentos na vida em que me senti livre da necessidade de fazer qualquer juízo de valor acerca dos outros. Senti que me tinha sido tirado um peso dos ombros. Nesses momentos, experimentei um amor imenso por todos os que encontrei, por todos aqueles de quem ouvi algumas coisas e, sobretudo, por aqueles dos quais li algumas coisas. Uma solidariedade profunda com todos os povos e um profundo desejo de os amar desceram as paredes do meu íntimo e tornaram o meu coração grande como o universo.

Um desses momentos ocorreu depois duma passagem de sete meses por um mosteiro de Trapistas. Vivia tão inundado da bondade de Deus que via essa bondade onde quer que fosse, mesmo atrás das fachadas de violência, destruição e crime. Tive que me coibir de abraçar as mulheres e homens que me venderam géneros alimentícios, flores e um fato novo. É que todos me pareciam santos!

Todos podemos desfrutar destes momentos se estivermos atentos ao movimento do Espírito de Deus dentro de nós. São como amostras do céu, de beleza e de paz. É fácil descartar estes momentos como produto dos nosso sonhos ou da nossa imaginação poética. Mas, quando optamos por pedi-los como uma forma de Deus nos dar umas pancadinhas no ombro e de nos mostrar a verdade mais profunda da existência, gradualmente somos capazes de ultrapassar a necessidade de julgar os outros e a inclinação para ajuizar acerca de tudo e de todos. Então poderemos crescer rumo a uma verdadeira liberdade interior e a uma verdadeira santidade.

Mas, só poderemos pôr de lado o fardo pesado de julgar os outros quando não nos importamos de suportar o ligeiro peso de ser julgados!»

Henri Nouwen, em "Aqui e Agora"

2 comentários:

Unknown disse...

"Não julgues para não seres julgado". Para mim isto quer dizer o seguinte: Não é errado emitir um juízo (considerar por exemplo um ato violento como errado). O erro consiste em condenar, em jogar este indivíduo numa prisão, onde as chances do amor são mínimas.
A proposta de Jesus é construir um mundo, onde os que se juntam a ele, condenam a punição. Somos uma geração que usa e abusa da punição. Sabemos "não matarás", "não use a espada" etc. Mas se alguém entrar em nossa casa, não temos dúvidas: imediatamente acionamos a polícia. Não precisamos usar armas nem matar, pois temos alguém que faz o serviço sujo por nós.
A nós, que procuramos conhecer e seguir Jesus, compete-nos criar um espaço onde este mundo do perdão infinito possa existir. Comecei comigo mesmo. Não consigo condenar mais ninguém. Procuro agora criar um espaço físico, começo com minha própria casa, onde a lei do amor total possa ser praticada. Quero dizer que estou me preparando para construir uma casa, pequeninha, como um grão de mostarda. Ela é comum a todos, não haverá ali portão de segurança nem chave. Ela estará sempre aberta. Se entrar alguém para roubar, saberá que tudo ali é dele. E todos que ali entrarem saberão que se ficarem morando comigo não serão apenas donos desta humilde casa, mas herdarão o mundo.
Precisamos definitivamente levar em conta a condição número para ser aluno de Jesus" "Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo." A partir daí entendemos porque a comunidade dos primeiros cristãos vivia daquele jeito e podemos entender porque eram uma ameaça ao Império Romano. Se os romanos tivessem se tornado cristãos, então eles teriam formado uma comunidade como a encontramos em Atos cap. 2 e 4. Trezentos anos depois no Concílio de Nicéia o que aconteceu de fato foi que os cristãos se tornaram como os romanos.
Neste sentido venho chamar os que se sentirem preparados para avançar mais um paço. O meu projeto não difere em nada daquele pelo qual fui enviado. Não vim para condenar ninguém. Mas já não há mais tempo para prorrogar o que precisa ser feito. É hora de separar o joio do trigo. Os que têm consciência e se encontram preparados precisam ousar, unir-se e formar um só corpo e um só espírito.

Raquel do Carmo disse...

Tinha certeza que encontraria aqui hoje um texto de Henri Nouwen. Hoje, 21 de setembro de 2009, faz 13 anos que ele faleceu. E sempre que leio qualquer palavra que seja que ele escreveu com a graça de Deus, agradeço ao Senhor por ele ainda me evangelizar e me induzir a ser uma pessoa melhor.
Acho isso tão maravilhoso sabe? O poder que a palavra de Deus ou a palavra inspirada por Ele tem na nossas vidas, devido a sua atemporalidade.

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