sexta-feira, 5 de março de 2021

LER PARA CRER - Proposta de leitura para a Quaresma


"SÓ O POBRE SE FAZ PÃO" - Carlos Maria Antunes

Sinopse

Carlos Maria Antunes revela-nos o profético desafio de uma "mística de olhos abertos", um itinerário espiritual acessível a todos e apropriado aos tempos que correm. Mas revela-se também como um grande autor, com uma voz original e própria, que constituirá uma grata surpresa para cada leitor. Escutemo-lo: "É necessário que se desmoronem as muralhas da autossuficiência para que possamos descobrir que somos dom e graça, que somos pão. Só o coração pode reconhecer o dom que somos e este é o alimento que efetivamente nos sacia, que rompe com a espiral devoradora das necessidades. Há uma arte de viver em conjunto que o pão partilhado nos ensina. É uma arte frágil, delicada, onde todos somos principiantes.

Excertos

DEIXAR-SE LEVAR

"Há um passo importante no nosso itinerário para Deus: deixar-se levar. As experiências que acompanham a maturidade na fé reconduzem-nos sempre à infância.
Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais captamos o sentido dos gestos simples que brotavam espontaneamente em nós quando éramos crianças. Por exemplo: dar a mão e deixar-se levar. (...) Aprendemos a caminhar pela vida, assim, de mão dada, levados por outro, sem medo, com a alegria de ser amado.»
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PEREGRINOS

«Seduz-nos tanto o futuro programado e garantido, como se tudo dependesse de nós. E vamos dizendo: «mais vale um pássaro na mão do que dois a voar». O que não nos damos conta é que, ao não aceitar a provisoriedade própria da vida, nos fechamos à possibilidade do novo, do revelado, do inesperado. Cercamos a vida nos limites dos próprios «celeiros» que vamos construindo.(...)
Viver implica um grande desapego face à própria vida. Só se vive intensamente quando se está consciente que a qualquer momento podemos partir. Não podemos esquecer a nossa condição de peregrinos; e estes não constroem «celeiros», levam apenas uma pequena mochila com o mais essencial para a viagem».
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MORALISMO

«O moralismo é uma das piores ameaças a uma sã espiritualidade. Não deixa espaço à indagação, fecha todas as possibilidades de descoberta, destrói a autonomia e a consequente liberdade do sujeito, pois apresenta-se a priori como uma sentença definitiva, interiorizada acriticamente como reflexo de um determinado contexto cultural.
Deveríamos ser mais perscrutadores atentos da vida do que catalogadores. Somos movimento, somos fluir, somos alternância. Somos gente em acontecimento. Temos ainda para aprender uma suavidade no olhar sobre nós próprios e sobre os outros».
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SOBRE O AUTOR

Carlos Maria Antunes é presbítero e monge cisterciense no mosteiro de Santa Maria do Sobrado, na Galiza. Nascido em Tomar, foi durante década e meia pároco na diocese de Santarém. É autor dos livros "Atravessar a própria solidão" (2011) e "Só o Pobre se faz Pão" (2013), ambos editados pelas Paulinas.


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