«Precisamos de alguém
que nos olhe com esperança.»
Miguel Ângelo dizia que as suas esculturas não nasciam de um
processo de invenção, mas de libertação. Ele olhava para as pedras toscas,
completamente em bruto, e conseguia ver aquilo em que se podiam tornar. Por
isso, ao descrever o seu ofício, o escultor explicava: «O que eu faço é
libertar.»
Estou convencido que as grandes obras de criação (também a da
criação e da recriação do Homem) nascem de um processo semelhante, para o qual
não encontro melhor expressão do que esta: exercício de esperança. Sem
esperança só notamos a pedra, o carácter tosco, o obstáculo fatigante e
irresolúvel. É a esperança que entreabre, que faz ver para lá das duras
condições a riqueza das possibilidades ainda escondidas. A esperança é capaz de
dialogar com o futuro e de o aproximar. A nossa existência, do princípio ao
fim, é o resultado de uma profissão de fé.»
José Tolentino Mendonça, in Pai-nosso que estais na terra
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