«O dom divino se destina a acender uma relação vital de acolhimento grato e de resposta franca, só possível na dádiva livre e no livre reconhecimento. O mais promissor traz consigo a maior fragilidade. Fora de um laço de vida, digno de aceitação e de resposta, Deus não quer ser para nós.
Não se quer impor como se impõem os poderosos (...) Quer ser livremente reconhecido como digno da confiança dos nossos desejos mais profundos e dos nossos afetos mais sinceros. (...)
O acolhimento grato do dom incondicionado que Deus faz de si em Jesus é, assim, o reconhecimento feliz de que o amor é a vida que, desde sempre e para sempre, nos faz viver. É a bênção das origens e o feliz destino das nossas biografias, a vitalidade dos afetos e a força íntima dos laços.
Porque vive de graça e de liberdade (de quem dá e de quem acolhe), a fé é dom frágil, assim como é frágil o modo de o partilhar com outros. (...)
Por isso, o sinal da fé não poderá ser a bandeira triunfante de um irresistível exército em marcha, mas, sim, o gesto desarmante do Filho que dá a vida, dando-se até à morte de cruz. (...)
O único recurso acessível à transmissão da fé é a fragilidade do testemunho. Tão arriscado. Tão desprendido. Graças a Deus.»
José Frazão Correia, em "A Fé vive de afeto"
domingo, 5 de janeiro de 2014
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