«Consideremos o Discurso da Montanha; primeiro ponto: a exigência é radical; segundo ponto: sois livres quanto à maneira de viver este radicalismo da exigência. É esta a razão pela qual muitos homens têm medo da liberdade e reclamam instruções formais que Jesus não dá e se recusa a dar. Jesus mostra simplesmente a profundidade da liberdade do homem.(...)
Poderíamos dizer que não é Ele, Jesus, quem é exigente: somos nós quem o somos sem o sabermos. Somos nós que dissimulamos a nós mesmos as nossas próprias exigências, porque temos medo delas e tememos ter de ser homens, Jesus não faz mais do que nos revelar a nós mesmos.
Ele descobre-nos a grandeza da nossa liberdade, arranca as máscaras que nos fabricámos com as nossas mãos, por medo e por egoísmo. Ele diz-nos: tu vales mais do que pensas, a tua grandeza ultrapassa a consciência que tens dela. Vive de acordo com essa grandeza; quanta mais experiência fizeres dessa vida, mais darás conta de que és grande e de que essa grandeza é uma exigência. Descobrirás até onde pode conduzir-te a tua liberdade se recusares as máscaras.
A Lei nova, o cristianismo, não pode ser uma lista de instruções. Trata-se, com a ajuda de exemplos típicos, da revelação dos horizontes sem limites da grandeza humana. (...)
É uma grandeza sem limites vivida na existência mais humilde e mais quotidiana. Horizonte sem limites no coração dos horizontes mais familiares: o lar, a vizinhança, o bairro, a profissão... Jesus diz-nos tudo de que o homem é capaz na vida mais simples, com a condição de que seja o filho dum Deus que é Pai."
François Varillon, em "Alegria de Crer e Viver"
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