«O caminho da espiritualidade tem de conduzir ao quotidiano.
Consiste simplesmente em fazer aquilo que é «necessário», aquilo que devo fazer no momento, aquilo que devo a mim e ao meu ser, aquilo que devo ao outro e aquilo que devo a Deus. (...)
A espiritualidade tem de ser uma coisa concreta. Esta revela-se na configuração do dia, através de rituais curativos. Revela-se num relacionamento amável com os seres humanos, na disponibilidade para ajudar quando os outros precisam do meu trabalho, e numa ocupação em que sirvo as pessoas e não a minha própria imagem. O facto de um ser humano ser espiritual ou não é uma coisa que, segundo São Bento, conseguimos ler sempre no seu quotidiano: na sua maneira de lidar com as pessoas, como organiza o seu tempo e, não menos importante, como lida consigo próprio. Torna-se assim evidente se ele faz girar tudo à sua volta ou, em última análise, à volta de Deus.
Para São Bento, o objectivo de toda e qualquer espiritualidade é «que Deus seja glorificado em tudo». E, na sua regra, ele coloca este princípio precisamente num prosaico capítulo sobre os artíficies. A forma como trabalham e como lidam com o produto do seu trabalho é decisiva para avaliar se se deixam conduzir por cobiça ou avidez, ou se estão preocupados com a glorificação de Deus.»
Anselm Grun, em "O Livro das Respostas"
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