"Deus nunca será propriamente um objecto de inteligência, porque nada há na mente que não haja previamente passado pelos sentidos. Como não pode ser objecto directo de inteligência, o Senhor é, em compensação, objecto de fé. Só na fé Ele pode «ser entendido» cabalmente. (...)
Deus «entende-se» de joelhos: assumindo-O, acolhendo-O, vivendo-O. (...)
O difícil e necessário é deixar-se conquistar por Ele. (...)
O verdadeiro crente entrega-se na escuridão e só então começa a entender o mistério e nasce a certeza.
Deus é completamente diferente das nossas ideias, conceitos e preconceitos, representações e imagens. Diz Santo Agostinho:
«Julgas saber o que é Deus? Julgas saber quem é Deus? Não é nada do que imaginas, nada do que o teu pensamento abarca.
Ó Deus que estás acima de todo o nome, acima de todo o pensamento, para além de qualquer ideal e de qualquer valor, ó Deus vivo.»
O Senhor é muito maior, muito mais admirável e magnífico que tudo o que possamos conceber, sonhar, desejar, imaginar. Realmente Ele é o In-comparável.
Deus só se assume na fé. Mais do que objecto de inteligência, é objecto de contemplação.
Na noite profunda da fé, quando a alma, como terra cega e sedenta se abre docilmente à acção divina e acolhe o Mistério Infinito como chuva mansa que cai e inunda e fecunda..., só assim, entregues, receptivos, começaremos a «entender» o Ininteligível.»
Ignacio Larrañaga, em "Mostra-me o Teu Rosto"
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