Iniciei há poucos dias a leitura de um Diário (cliquem aqui) fascinante, cativante, que nos revela a riqueza interior de uma vida, infelizmente, breve, mas intensa, profunda... É fascinante acompanhar o "trabalho interior" que Etty desenvolve com a ajuda de Deus; a forma como ela O vai descobrindo dentro de si e se abre a um Amor mais puro, abrangente, vasto, universal...
Em pleno ambiente de perseguição e extermínio judeu, a 9 de Março de 1941, quando Esther (Etty) Hillesum, de origem judaica, começou a escrever, no primeiro dos oito cadernos de papel quadriculado, o texto que viria a ser o seu Diário, estava-se longe de pensar que começava aí uma das aventuras literárias e espirituais mais significativas do século. Ela tinha vinte e sete anos de idade e morreria sem ter feito trinta.
A partir de hoje, vou partilhar convosco alguns trechos desse magnífico Diário.
«O sofrimento exigiu sempre o seu lugar e os seus direitos, e tem sinceramente alguma importância a forma que ele toma? O que interessa é o modo como as pessoas o carregam e se uma pessoa lhe sabe dar espaço, continuando porém a aceitar a vida.(...)
Soa quase paradoxal: por causa de excluírem a morte da vida, as pessoas não vivem uma vida completa, e ao acolher a morte dentro da vida, ela fica mais rica e mais ampla...
Podem tornar-nos as coisas algo complicadas, podem roubar-nos alguns bens materiais, alguma aparente liberdade de movimentos, mas somos nós que cometemos o maior roubo a nós próprios, roubamo-nos as nossas melhores forças através da nossa mentalidade errada. Através de nos sentirmos perseguidos, humilhados e oprimidos. Através do nosso ódio. Através de fanfarronice que esconde o medo. Bem, podemos às vezes sentir-nos tristes e abatidos por causa daquilo que nos fazem, isso é humano e compreensível. Porém, o maior roubo que nos é feito somos nós mesmos que o fazemos. Eu acho a vida bela e sinto-me livre. Os céus dentro de mim são tão vastos como os que estão por cima de mim...
Não sinto que esteja nas garras de ninguém, só sinto estar nos braços de Deus - para dizer isto de um modo muito bonito - e, seja aqui à beira desta secretária que me é muitíssimo querida e familiar ou daqui a um mês num quarto despojado no bairro judeu, ou talvez num campo à guarda das SS, acho que irei sentir-me sempre nos braços de Deus. E pode ser que consigam arrasar-me fisicamente, mas mais do que isso não. E talvez caia em desespero e sofra privações que nem nas minhas fantasias mais delirantes eu consiga imaginar. E contudo tudo isto é muito relativo comparado com a vastidão incomensurável da confiança em Deus e da capacidade de vivência interior.»Fonte: Diário de Etty Hillesum 1941-1943
Nota: No Brasil, este livro foi editado com o título: "Uma Vida Interrompida - os Diários de Etty Hillesum" . Podem encontrar o livro aqui
5 comentários:
"Só sinto estar nos bracos de Deus"... este livro deve ser cheio de experiencias, mas a frase eu conheco muito Paulo e lembrei-me disso. Quando estava fazendo o tratamento de quimio e radio por causa do cancer, esta foi uma coisa que fiz. Fiquei nos bracos de Deus, porque aí era um lugar seguro.
Sigo acompanhando.
beijo grande e continuemos nos bracos do Pai!
Lindo texto!
Obrigado. Vou ler.
De facto, o tema da morte e do sofrimento gera sempre controvérsia e medo, mas se somos cristãos não nos podemos esquecer que estamos a caminhar para a Vida Eterna ...
beijos
Que 2009 seja um grande ano em sua vida. Que seus sonhos se realizem e que você encontre paz. Saiba que, se precisar de um amigo, aqui estarei.
Estarei acompanhando o seu blog. Acompanhe o meu também...
Um grande abraço,
http://inspiracoesmatinais.blogspot.com
inspirações.matinais@gmail.com
Que 2009 seja um grande ano em sua vida. Que seus sonhos se realizem e que você encontre paz. Saiba que, se precisar de um amigo, aqui estarei.
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Por causa de um video no site "netforgod" eu vim parar no seu blog, enquanto procurava mais e mais de Etty. Estou fazendo um trabalho minucioso, registrando cada trecho de seus pensamentos de mulher e de filha de Deus.
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