quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O PROJETO DO REINO DE DEUS


"A promessa de Jesus de que o Reino pode encontrar-nos de cabeça erguida (Lucas 21,28) depende de abraçar, aqui e hoje, a urgência de acolher esse Reino, deixando que a caridade, a justiça, o cuidado dos últimos, a construção da paz sejam a marca das nossas vidas e sinal de que ainda esperamos algo: venha a nós o Vosso Reino."
P. Francisco Martins, sj
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"Escreveram-se obras muito importantes para definir onde está a «essência do cristianismo». No entanto, para conhecer o centro da fé cristã não é preciso recorrer a nenhuma teoria teológica. O primeiro é captar o que foi para Jesus o Seu objetivo, o centro da Sua vida, a causa a que se dedicou de corpo e alma.

Ninguém duvida hoje que o Evangelho de Marcos o resumiu acertadamente com estas palavras: «O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e acreditai na Boa Nova». O objetivo de Jesus foi introduzir no mundo aquilo que chamava «o Reino de Deus»: uma sociedade estruturada de forma justa e digna para todos, tal como a quer Deus.

Quando Deus reina no mundo, a humanidade progride na justiça, na solidariedade, na compaixão, na fraternidade e na paz. A isto se dedicou Jesus com verdadeira paixão. Por isso, foi perseguido, torturado e executado. «O Reino de Deus» foi o absoluto para Ele.

A conclusão é evidente: a força, o motor, o objetivo, a razão e o sentido último do cristianismo é «o Reino de Deus», não outra coisa. O critério para medir a identidade dos cristãos, a verdade de uma espiritualidade ou a autenticidade do que a Igreja faz é sempre «o Reino de Deus». Um Reino que começa aqui e alcança a sua plenitude na vida eterna.
A única maneira de ver a vida como a via Jesus, a única maneira de sentir as coisas como Ele as sentia, o único modo de agir como Ele agiu, é orientar a vida para construir um mundo mais humano. No entanto, muitos cristãos não ouviram falar assim do «Reino de Deus». E não foram poucos os teólogos que tiveram que ir descobrindo isso, pouco a pouco, ao longo das suas vidas.

Uma das «heresias» mais graves que foi introduzida no cristianismo é fazer da Igreja o absoluto. Pensar que a Igreja é o centro, a realidade perante a qual tudo o resto deve ser subordinado; fazer da Igreja o «substituto» do Reino de Deus; trabalhar para a Igreja e preocuparmo-nos com os seus problemas, esquecendo o sofrimento que há no mundo e a luta por uma organização mais justa na vida.

Não é fácil manter um cristianismo orientado segundo o Reino de Deus, mas quando se trabalha nessa direção, a fé transforma-se, faz-se mais criativa e, sobretudo, mais evangélica e humana."

José Antonio Pagola

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