Em tempo de férias, é usual dizermos que "vamos à terra", "fui à terra", "vim da terra". "Ir à terra" é uma expressão castiça. (...)
"Ir à terra" não é mais do que tornar presente de onde vimos, deixar o coração apaziguar e impregnar-se de futuro. "Ir à terra" é voltar a tudo aquilo que nos constitui, nos integra, nos regenera, nos reforça (...)
Na verdade, "ir à terra" é ir ao amor. Porque o amor é um lugar. O amor não é um sentimento, uma sensação, um momento. O amor é um lugar. Ou melhor: é 'o' lugar ao qual pertencemos. É terra, é chão, é pedra onde nos apoiamos e onde os nossos passos ganham firmeza. E a vida, fecundidade. Por isso é que, quando deixamos de ir à "terra", ou andamos de terra em terra demasiado tempo, à procura do nosso lugar, podemos ficar doentes. E quando finalmente o encontramos e nos demoramos por lá, voltamos diferentes - mais iguais a nós mesmos.
E um dia, quando vier a nossa hora de partir desta terra, não estranharemos a outra, onde chegaremos. Antes pelo contrário, será tão familiar quanto cada um dos gestos de amor e entrega que tenhamos realizado ou recebido. Se durante a nossa vida terrena visitámos amiúde essa terra do amor, então o que poderemos sentir ao partir, senão que regressamos finalmente a casa? Por isso é que convém ir à terra sempre que pudermos, porque um dia lá ficaremos. Para sempre. E descobriremos que a terra é, afinal, um face-a-face com o amor pleno.
Graças a "Ver para além de olhar" - https://www.facebook.com/verparaalemdoolhar/…
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