"Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18, 21).
Pedro e André não foram à escola. E Pedro só conseguiu contar até sete na tentativa de regulamentar o perdão ao fixar um tecto limite. Pedro fez uma tentativa para dissimular a sua limitação de quantificar a misericórdia e, na maior das boas intenções, tinha medo de “exagerar” e se mostrar generoso e excessivo no perdão, pois, talvez, poderia enfraquecer com isto a sua autoridade.
Pedro ainda não compreendera que o perdão não é um prémio, uma imposição, mas uma estupenda possibilidade; não um peso, mas uma libertação. O perdão é uma inacreditável possibilidade que nos é oferecida de fazer o mesmo gesto misericordioso e sem limites do Pai que anula todas as contas e dívidas.
Temos que aniquilar o perdão regulamentado porque ele é sempre de mão única e um perdão de superioridade: de cima para baixo e, portanto, um perdão sem as entranhas da compaixão.
Pedro só descobriu o perdão quando se tornou um devedor insolvente pela negação que fez de Jesus: “Não conheço este homem!” (Lc 22, 57).
O perdão cristão, como a misericórdia do Pai, não entra em nenhuma medida humana e, por isso, por mais que queiramos, será impossível tomar posse dele e reservá-lo para nós.
Que não sejamos nós a perguntar a Cristo: quantas vezes podemos ser generosos como foste connosco?
Adaptado de: http://matersol.blogspot.pt/2011/09/o-caminho-da-beleza-43-xxiv-domingo-do.html
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