Tenho sido salvo mais pelo acaso
que pela Graça.
Assim tem sido
a amorosa paciência de Deus comigo.
Porque a Graça é tão débil...
tem sido o acaso
a resgatar-me em cada hora
a visitar-me em cada "mas"
que nos esquina a vida
e nos estima amanhãs.
A Graça é feita de seda,
debruada a beijos e carícias,
tingida só nas pontas que se estendem para nós.
E eu, todo arestas...
Dá-me mais susto a ternura que a violência,
porque tenho mais medo de estragar o que é lindo
do que de cair aos pés dos arrogantes.
A vida perde-se no que a gente estraga.
A Graça, de débil e frágil assim,
aparece-me toda cheia de importâncias,
numa insinuação quase ameaça,
quase piropo,
a fazer-se a mim
até conseguir fazer de mim o que quiser.
Os acasos que me salvam têm todos Nome de gente.
"Qual é a sua graça?", perguntava-se,
quando se entendia que cada Nome é uma Graça.
Às tantas,
foi a Graça a salvar-me o tempo todo
e ri-se de mim desde o primeiro verso.
Ubam Indje
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