segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

DE ANDAR ÀS TANTAS


Tenho sido salvo mais pelo acaso
que pela Graça. 
Assim tem sido 

a amorosa paciência de Deus comigo.


Porque a Graça é tão débil... 
tem sido o acaso 
a resgatar-me em cada hora
a visitar-me em cada "mas" 
que nos esquina a vida
e nos estima amanhãs.

A Graça é feita de seda,
debruada a beijos e carícias,
tingida só nas pontas que se estendem para nós.

E eu, todo arestas...
Dá-me mais susto a ternura que a violência,
porque tenho mais medo de estragar o que é lindo
do que de cair aos pés dos arrogantes.

A vida perde-se no que a gente estraga.
A Graça, de débil e frágil assim, 
aparece-me toda cheia de importâncias, 
numa insinuação quase ameaça,
quase piropo,
a fazer-se a mim 
até conseguir fazer de mim o que quiser.

Os acasos que me salvam têm todos Nome de gente. 
"Qual é a sua graça?", perguntava-se,
quando se entendia que cada Nome é uma Graça.

Às tantas, 
foi a Graça a salvar-me o tempo todo
e ri-se de mim desde o primeiro verso.

Ubam Indje

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