sábado, 30 de abril de 2011

CONFIA NA VOZ INTERIOR

«Desejas realmente converter-te? Estás disposto a modificar-te? Ou continuas agarrado ao teu velho modo de vida com uma mão enquanto com a outra pedes aos outros que te ajudem a mudar?
A conversão não é com certeza algo que possas encontrar por ti mesmo. Não se trata de um exercício da própria vontade. Tens que confiar na voz interior que mostra o caminho. Tu conheces essa voz. Ouve-la com frequência. Mas depois de ouvir com clareza o que ela te pede começas a fazer perguntas, a fabricar objecções e a pedir a opinião de todos. Assim deixas-te enredar por inúmeros pensamentos, sentimentos e ideias muitas vezes contraditórias e perdes contacto com o Deus que habita dentro de ti. E acabas por te tornar dependente de todas as pessoas que reuniste em torno de ti.
Só dando constantemente ouvidos a essa voz interior conseguirás converter-te a uma nova vida de liberdade e alegria.»

Henri Nouwen, em "A Voz Íntima do Amor"

domingo, 24 de abril de 2011

RESSURREIÇÃO


«Cada vez que somos capazes de romper com as nossas rotinas, as nossas resignações, as nossas condescendências, as nossas alienações em relação à ordem estabelecida ou à nossa individualidade acanhada. (...)
Cada vez que damos algo de novo à forma humana, Cristo está vivo, a criação prossegue em nós, por nós, através de nós. A Ressurreição realiza-se todos os dias


R. Garaudy

sexta-feira, 22 de abril de 2011

«O AMOR SUPORTA TUDO»



«Na cruz, o Cristo encontra-se no ápice do poder... exactamente porque Ele se encontra no auge do amor! 
Ele mostra, então, que o verdadeiro poder é o amor e que nada é possível contra o amor.


Não é possível impedir o Cristo de amar: "Perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem..." 
Até ao último instante, Ele é o mais forte. E Ele é o mais forte, na extrema fraqueza!»


Jean-Yves Leloup, em "Amar... apesar de tudo"

quinta-feira, 21 de abril de 2011

AMOR E SACRIFÍCIO

«Todo o verdadeiro amor gera o sacrifício mas nem todo o sacrifício gera o amor. Deus não é sacrifício. Deus é Amor. E porque é Amor tornou-Se Sacrifício. Jubiloso. (...)


A educação cristã é, primariamente, educação para a Paternidade de Deus e não para o Sacrifício; para o amor de Deus por nós e não para o nosso amor por Deus; para aquilo que Deus fez por nós e não para o que nós fazemos por Deus

Louis Evely

terça-feira, 19 de abril de 2011

O GRANDE TESOURO

Um antigo mestre cristão disse uma vez ao seu discípulo: «Estás carregado de ouro; cuidado com os ladrões». Nós, da mesma forma que esse discípulo, também estamos carregados de ouro porque temos Jesus. Mas devemos estar alerta; ter cuidado com os ladrões porque estão sempre à espreita.

Podemos encontrá-los dentro da sociedade que nos quer arrastar para um estilo de vida em muitas ocasiões não muito próximo do Evangelho. Mas também os podemos encontrar dentro de nós mesmos. E têm nomes: preguiça, passividade, egoísmo, falta de relação com Deus...

Nós estamos carregados de ouro porque Jesus é o nosso grande tesouro. Mas, embora queira habitar em todos os corações, embora se dê gratuitamente, temos de ter os meios para O reconhecer, O experimentar e viver.

Quem não se preocupa com a sua vida, jamais estará próximo de Deus, apesar de Deus estar perto d`Ele. Quem não se preocupa com a sua vida, começará a perder este enorme tesouro que é Jesus. Quem não se preocupa com a sua vida, deixará de ter medo aos ladrões, porque deixará de estar carregado de ouro. Quem não se preocupa com a sua vida perderá o melhor que tem: ele mesmo.

Na nossa vida estão presentes o «ouro» e os «ladrões». Por qual dos dois queremos apostar?»


Pedro Muñoz Peñas, em "Orar com Deus"

domingo, 17 de abril de 2011

PAZ E ALEGRIA

«A finalidade da Quaresma não é só expiação para satisfazer a justiça divina; é, sobretudo, uma preparação para nos alegrarmos em seu amor. E essa preparação consiste em receber o dom de sua misericórdia — dom que recebemos na medida em que lhe abrimos nosso coração, lançando fora o que não pode permanecer juntamente com a misericórdia.
Ora, uma das primeiras coisas que devemos lançar fora é o temor. O temor estreita ainda mais a pequena entrada de nosso coração, diminui nossa capacidade de amar. Resfria nossa capacidade de nos darmos. Se estivéssemos aterrorizados diante de Deus como diante de um juiz inexorável, não esperaríamos, confiantes, sua misericórdia, nem nos aproximaríamos dele confiantemente, na oração. Nossa paz, nossa alegria, na Quaresma, são uma garantia da graça.»

Thomas Merton

sexta-feira, 15 de abril de 2011

PUREZA DE CORAÇÃO

Segundo João Cassiano, "a pureza do coração significa liberdade de todas as perturbações egoístas dos nossos actos espirituais. Quem tem o coração puro não utiliza Deus para si próprio, não se coloca acima de ninguém. Pureza significa abertura total a Deus, é o ser penetrado pelo espírito de Deus. E a pureza do coração, para Cassiano, significa, em última instância, amor.

O pressuposto fundamental de toda a oração é o amor. Quem ama reza. E a oração deve conduzir-nos ao amor, de forma a que o nosso coração seja cada vez mais preenchido e modificado pelo amor de Deus.

Anselm Grün, em "Bento de Núrsia - Mestre da Espiritualidade"

terça-feira, 12 de abril de 2011

ABANDONO

«A teologia da vida espiritual afirma que a paz interior só nasce no homem quando este se abandona a Deus. Enquanto não procurares abandonar-te ao Senhor estarás inquieto e o teu coração debater-se-á, como a borboleta que esvoaça ao redor da lâmpada, cheio de inquietações, de problemas e preocupações. Não há outro caminho para alcançar a paz, senão o do pleno abandono à vontade de Deus, isto é, Seu Amor. 

Senhor, que se faça como Tu queres, porque creio que Tu me amas e sabes melhor que ninguém o que me faz falta, a mim e àqueles a quem eu amo e pelos quais Te suplico.» 


Tadeusz Dajczer, em "Meditações sobre a Fé"

domingo, 10 de abril de 2011

SOFRIMENTO E VERDADE

«O sofrimento não nos aproxima necessariamente da virtude, mas aproxima-nos sempre da verdade.(...)

«O que, para a maioria das criaturas nem o amor nem a oração nem a poesia nem a arte puderam conseguir, só a morte e o sofrimento serão capazes de o alcançar. 
Mas talvez ainda venha um dia em que o amor, a arte e a oração exerçam tal poder sobre nós que possamos ser dispensados de sofrer e de morrer.» 

Louis Evely, em "Sofrimento"

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A GRANDEZA DA LIBERDADE CRISTÃ

«Consideremos o Discurso da Montanha; primeiro ponto: a exigência é radical; segundo ponto: sois livres quanto à maneira de viver este radicalismo da exigência. É esta a razão pela qual muitos homens têm medo da liberdade e reclamam instruções formais que Jesus não dá e se recusa a dar. Jesus mostra simplesmente a profundidade da liberdade do homem.(...)


Poderíamos dizer que não é Ele, Jesus, quem é exigente: somos nós quem o somos sem o sabermos. Somos nós que dissimulamos a nós mesmos as nossas próprias exigências, porque temos medo delas e tememos ter de ser homens, Jesus não faz mais do que nos revelar a nós mesmos. 
Ele descobre-nos a grandeza da nossa liberdade, arranca as máscaras que nos fabricámos com as nossas mãos, por medo e por egoísmo. Ele diz-nos: tu vales mais do que pensas, a tua grandeza ultrapassa a consciência que tens dela. Vive de acordo com essa grandeza; quanta mais experiência fizeres dessa vida, mais darás conta de que és grande e de que essa grandeza é uma exigência. Descobrirás até onde pode conduzir-te a tua liberdade se recusares as máscaras. 
A Lei nova, o cristianismo, não pode ser uma lista de instruções. Trata-se, com a ajuda de exemplos típicos, da revelação dos horizontes sem limites da grandeza humana. (...) 
É uma grandeza sem limites vivida na existência mais humilde e mais quotidiana. Horizonte sem limites no coração dos horizontes mais familiares: o lar, a vizinhança, o bairro, a profissão... Jesus diz-nos tudo de que o homem é capaz na vida mais simples, com a condição de que seja o filho dum Deus que é Pai.


François Varillon, em "Alegria de Crer e Viver"

terça-feira, 5 de abril de 2011

ESPIRITUALIDADE PRÁTICA

«O caminho da espiritualidade tem de conduzir ao quotidiano.
Consiste simplesmente em fazer aquilo que é «necessário», aquilo que devo fazer no momento, aquilo que devo a mim e ao meu ser, aquilo que devo ao outro e aquilo que devo a Deus. (...)

A espiritualidade tem de ser uma coisa concreta. Esta revela-se na configuração do dia, através de rituais curativos. Revela-se num relacionamento amável com os seres humanos, na disponibilidade para ajudar quando os outros precisam do meu trabalho, e numa ocupação em que sirvo as pessoas e não a minha própria imagem. O facto de um ser humano ser espiritual ou não é uma coisa que, segundo São Bento, conseguimos ler sempre no seu quotidiano: na sua maneira de lidar com as pessoas, como organiza o seu tempo e, não menos importante, como lida consigo próprio. Torna-se assim evidente se ele faz girar tudo à sua volta ou, em última análise, à volta de Deus.

Para São Bento, o objectivo de toda e qualquer espiritualidade é «que Deus seja glorificado em tudo». E, na sua regra, ele coloca este princípio precisamente num prosaico capítulo sobre os artíficies. A forma como trabalham e como lidam com o produto do seu trabalho é decisiva para avaliar se se deixam conduzir por cobiça ou avidez, ou se estão preocupados com a glorificação de Deus.»

Anselm Grun, em "O Livro das Respostas"

SOFRIMENTO E AMOR

"Para ser de Deus é necessário não ser de si mesmo. E para deixar de ser de si mesmo, é preciso arrancar-se de si mesmo. Mas este arrancar-se a si é precisamente o que nós chamamos sofrimento.

Todo o sofrimento pode ser entendido - e é esse o sentido que eu posso dar-lhe - como uma morte parcial, um esboço de morte. O sofrimento é o peão avançado da morte ao longo de toda a vida. 
A morte é a passagem do haver ao ser ou do egoísmo ao amor. Aqui, os termos são permutáveis entre si: o haveré o egoísmoo ser, o amor.

«Bem-aventurados os pobres» quer dizer: bem-aventurados aqueles que são e que amam. Tal como Deus. 
Para ser verdadeiramente, tenho de estar despojado do meu haver. Este despojamento é o sofrimento. E a morte final não é mais do que o fim deste movimento de expropriação que me lança fora de mim para que, não tendo já nada meu, eu seja todo de Deus e de Cristo, pura relação com o Outro e com os outros, o que vem a ser a definição mesma do amor. Mediante o qual eu poderei finalmente entrar no amor." 

François Varillon, em "Alegria de Crer e Viver"

domingo, 3 de abril de 2011

CORAÇÃO PURO

"Quem o tem o coração puro? 
Aquele que não mancha o seu coração nem com o mal que comete
nem com o bem que faz». 


Dietrich Bonhoeffer

sábado, 2 de abril de 2011

UM AMOR MAIS FORTE QUE A MORTE

"O maior perigo que ronda o ser humano consiste na falta de amor e nas consequências que esta falta acarreta.
Quem não se sente amado rejeita-se a si mesmo, condena-se, torna-se duro, frio e vazio, é incapaz de amar a si mesmo e aos outros.
Torna-se necessário, então, um amor que não se poupa, que não recua nem mesmo diante da própria morte para curar-nos da ferida mortal da falta de amor."

Anselm Grün, em "Jesus - Porta para a Vida"

INDAGAÇÕES SOBRE O CARPINTEIRO

“A árvore é força vertical da natureza, da terra em direcção ao céu. Tem a postura da espécie humana. Por isso o cego que Jesus curou em Bet...