quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DEIXA QUE EU TE MOLDE (4ª FOLHA)



"Não te posso Eu moldar a ti, como o oleiro molda o seu barro?" (Jer 18, 5)


«A gravura da quarta folha não tinha um único rosto. Viam-se nela duas mãos sujas de barro e, seguro entre as mãos, um pote a ser moldado sobre um torno de oleiro. Em letras grandes um letreiro dizia: "DEIXA QUE EU TE MOLDE" Era uma referência ao capítulo 18 do profeta Jeremias.


Pareceu-me ser esta a página mais importante do Manual de Conversão, ao imaginar que – mais eficaz que todos os nossos esforços – o que nos muda é o fato de Deus, secretamente, no torno da vida, nos tomar nas Suas mãos e nos moldar.
Fazemos esforços por sermos melhores: tentamos rezar mais, tentamos ter mais caridade, ou mais humildade, ou interiormente mais liberdade. Pedimos a Deus que nos ajude. E por vezes, atravessando-se no caminho de todos estes nossos esforços, aparece a vida: a relação íntima que nos deixa desconcertados, um comentário que alguém nos faz, uma humilhação, uma fase onde tudo se baralha. "Logo agora que eu estava conseguir ser um pouco melhor, lá vem a vida com as suas coisas..." 


Pois é... E se a vida fosse precisamente a resposta de Deus aos nossos pedidos e aos nossos esforços? E se tudo aquilo que nos acontece fossem apenas oportunidades de crescimento e de liberdade queridas por Deus ou, pelo menos, por Ele consentidas?
Barro sempre seguro nas mãos firmes de um oleiro por entre as voltas da vida. Umas vezes sentimo-nos acariciados, outras apertados; umas vezes vemo-nos quase prontos, outras amassados e sem forma; em certas alturas a obra toda faz sentido, noutras torna-se bastante incompreensível.» 


Nuno Tovar de Lemos, s.j., em "O Princípe e a Lavadeira"

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